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domingo, dezembro 12, 2010

Pequeno pedaço de pensamento

Andando pelas ruas desse novo país que decidi habitar, que por sinal são extremamente sujas, reparei em algo que me chamou a atenção: uma foto 3x4. Simples, com fundo branco, um jovem rapaz de aparentes 30 anos, camisa social branca. Uma pessoa comum, qualquer um (e não que ele seja um qualquer nem que não seja), que deve ter deixado desapercebidamente cair da sua pressa ou correria diária uma imagem sua no meio da imensão fétida de papéis. O importante não é isso; eu o notei, e isso interessa.

Interessa porque, muitas vezes, e tantas devem ter sido as vezes, pessoas passaram e nem se importaram com aquele rapaz. E não estou falando que eu me importei. Somente deixei minha mente débil ser preenchida por dúvidas um tanto mexeriqueiras e comecei tentar decifrar aquele sinal (pode ter sido um sinal), enquanto minhas costas se distanciavam do papel com registro fotográfico.

Não devia ser alguém importante para sociedade, definitivamente. Se fosse, não estaria andando por caminhos tão estranhos como o que eu fazia na minha volta para casa. Devia ser alguém solitário. Sozinho mesmo, daqueles que conversa sozinho e as vezes até discute consigo mesmo. Quantas vezes deve ter se pegado discutindo o que levar ou não para casa em um supermercado, e se repreendendo por essa loucura? Devem ter sido várias! Só pode!

Creio que nem televisão tenha em casa. Ou internet. Ou que um dia vá ler esse blog. Claro que estou certo! Provavelmente, para passar o tempo, comprou vários filmes para ver no computador (quem não tem computador hoje em dia?), e um ou dois livros, mesmo não tendo o costume de ler, só para dizer aos colegas de trabalho que tem cultura como eles. Certamente ele é um tolo, claro que é. Só pode!

Obviamente, conclui-se que não tem namorada. Talvez tenha cogitado ter, mas não para satisfazer suas necessidades fisiológicas. Pensou em ter alguém para conversar, alguém físico, real. Acho que ele nem teria tempo para as responsabilidades que um compromisso amoroso exige. É, está claro isso. Só pode!

Creio ainda que ele vá ao cinema ver o mesmo filme já assistido duas ou três vezes só para não chegar em casa e ouvir a voz da solidão tentando desanimá-lo. Que voz maldita; coitado! Ele realmente precisa dos amigos que um dia teve e sabe-se Deus porque deixou. Definitivamente ele está sem amigos. Só pode!

Pensando bem, como posso concluir tudo isso de uma simples foto? Na verdade, pensei tantas outras coisas que não me lembro e outras que a preguiça me segura as mãos para não relatar. Afinal, qual a velocidade do pensamento? E o quanto ele pode gerar de imaginação em 400 metros?

Porém, algo começou a me surgir. Não, nada do que pensei ele pode estar passando. Seria impossível. Talvez nem tão impossível; seria improvável. Por que? Ora bolas, aquele não era o meu retrato!

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quinta-feira, maio 27, 2010

Lobo Vagabundo, e Solitário

Me pego, de repente, andando pelos bosques da vida, com a sensação de já ter caminhado por aqui. Olho à minha volta e percebo que nada mudou desde que estive aqui. Sozinho novamente em meus pensamentos, com a sensação de que algo me falta, como um lobo solitário, que não consegue uma alcatéia para chamar de sua.

Me vejo como um ser de destino traçado, e que nada que faça, não importa o que seja, irá mudar sua predestinação. Preso àquilo que foi escolhido sabe-se Deus por quem, ou sendo Ele quem escolheu, sabe-se Ele porque. Vivo mais uma vez como se apenas as folhas secas falassem comigo, emitindo suas frases incompreensíveis quando, sem muito caso, as piso.

Saio por aí, sem eira, nem beira, sem lenço, sem documento, sem destino, sem lembrar da origem (ou sem pensar nela). Ou finjo que faço isso, para agradar minha mente doentia que cisma em dominar meu coração, me tornando frio e sem carinho, vítima da minha própria falta de amor próprio, entregue à minha autocondenação.

Prefiro não repetir palavras doces e me privar, além dos outros, da criatividade romântica como uma forma de me punir por sentir algo que não deveria, tentando me proteger de algum predador sedento pelo meu sangue e sofrimento. E acuado, frio e defensivo, acabo machucando ainda mais os que, com a mão, tentam me afagar.

Um lobo solitário é um cão sem dono, dono somente de suas fraquesas e preso totalmente em suas angústias. Sofre porque gosta de sofrer, mesmo que seja um absurdo admitir, e tenta fazer com que sintam pena dele, escrevendo textos melodramáticos, e se alimentando da compaixão alheia. Eu sou um lobo solitário, talvez eu procrie, talvez eu prive o mundo de mais um lobo solitário, talvez eu prive minha cria da solidão do mundo, talvez eu me prive do mundo e não procrie.

Finjo que escolhi ser assim, ou finjo que acredito em predestinação, para preservar meu coração dos ataques violentos da cabeça sádica e autofágica que possuo.

terça-feira, março 02, 2010

Loucura de um coração vagabundo

No começo, era uma grande alegria, jamais pensei que fosse me viciar. Afinal, eu já havia me livrado uma vez, não seria agora que isso iria me prejudicar. Com a euforia da descoberta, doses exageradas tomavam meu dia. Nada podia me impedir de sentir tudo aquilo que eu queria sentir... novamente. Era como se eu pudesse reviver aquilo que já estava morto e presenciar aquilo que ainda nem embrionário era.

Foi parecido e diferente. Isso me encantou e me fez pensar que eu seria feliz novamente; ser feliz é algo que eu queria. E comecei a largar o caminho que a duras penas eu estava contruindo, e vivendo de sonhar, sonhando que iria viver tudo aquilo novamente. Eu estava já viciado; não queria admitir, até brincava dizendo isso. Mal sabia eu que não há controle em termos de sentimentos, ainda mais dos mais inebriantes.

Loucura total: com a rapidez da vontade, fui tomado pela insanidade e o que era tão proibido virou fruto delicioso a ser saboreado. Era como se o impossível passasse a improvável. Já não tinha domínio da razão; não pelo menos durante os momentos prazerosos. Porém, era ela mesma que me castigava nos momentos de sobriedade e que me martirizava através da culpa e muitas vezes, do medo de sofrer.

Pensei inúmeras vezes em parar, entretanto não conseguia nem me esforçar. Mesmo quando estava decidido, na hora H não tinha forças para recusar ou me afastar. Estava tomado pela insanidade do vicio; era uma necessidade incontrolável e que eu gostava de sentir. Seja na madrugada, seja durante o dia, seja ao entardecer; não havia hora nem lugar para minha dose e nem mesmo os conhecidos me intimidavam. Já estava tão fora do meu juizo que eu queria era sentir aquilo, sem porquês e sem pudor; ninguém tem nada a ver com minha vida.

Não vou mentir dizendo que era ruim; era a melhor sensação que já sentira. Quer dizer, eu já havia sentido antes algo muito parecido e muitas vezes essa confusão do que era presente e do que era passado me fazia gostar mais. Mas era essa mesma confusão que também surgia nos momentos de lucidez e causava o medo incontrolável: era a abstinência.

Meu corpo precisava daquele sentimento como de comida. Era o alimento da minha adrenalina e eu, como zeloso criador de um rebanho de emoções, via apenas como saída alimentar cada vez mais as minhas. Cheguei, claro, a me preocupar com a causa do meu vicio, será que eu merecia algo tão bom, tão maravilhoso, lindo e saboroso? Perfeição de encaixe no meu ser, era tudo o que sempre sonhei, e nunca esperei. Sabia que não ia acabar bem, mas me diga como parar diante de tamanha necessidade.

O gozo era inevitável assim como a dor da ausência. Alegria e euforia sempre alternavam seus lugares cativos com o medo, a culpa, a preocupação responsável e a preocupação com o julgamento de terceiros. Não sei viver, realmente. Meti os pés pelas mãos e tentando não me perder, fiquei sem saber onde estava. Tentando não me enlouquecer, acabei insano. E, finalmente, tentando não pensar, acabei preso na minha própria mente, sem ter como sair.

Estava começando a sofrer, não sabia como admitir isso, pois não queria ficar sem aquilo que me mantinha vivo, ou pelo menos me fazia sentir assim. Comecei a notar que o que nos envelhece é o próprio oxigênio que nos mantem vivos; como poderia viver sem ar? Ainda não encontrei resposta.

domingo, fevereiro 14, 2010

Apenas um sonho... real

Não sei bem, porém acho que a conheci em um sonho. Estranho sonho, onde eu falava rimado e ela se encantou e se irritou, e sua curiosidade a fez me procurar. E me encontrou; nos conhecemos. Sonho estranho, onde a pedi em casamento, mesmo sabendo que não era a realidade. Eu sabia que estava sonhando, que era virtual; ela sabia que era sonho e riu.

Aos poucos, ela foi saindo da minha mente e, com destino certeiro, foi parar no meu coração. Feiticeira, não sei, tomou minha alma para si, sem pedir licença, sob o pretexto que eu havia tomado a dela também. Me chamou de feiticeiro, como pode?

Estranhamente fui reconhecendo seus gostos, seus pensamentos, seus sofrimentos... e comecei a ver a mim mesmo nela. Eu estava apaixonado por mim mesmo, mesmos pensamentos, gostos semelhantes... era 'eu' de saias. E a cada movimento dela, e a cada movimento meu, eu a encantava e ela me encantava e nos encantávamos mais. Sabíamos que era um sonho, mas o sentimento começou a ser real. Real demais.

'Será que ela existe?' ou seria 'Será que eu existo?'? Pergunta que não saberia responder; aliás, o que eu saberia responder nesse caso, uma loucura impensável ou incompreensível, mesmo que eu pense que compreenda. Sendo racional, parece óbvio, porém racional também seria considerar que seria improvável.

Como posso amar alguém que não existe fisicamente? Como posso me apaixonar e fazer se apaixonar por mim alguém que só está presente nos meus sonhos?

E como em uma arriscada roleta russa começamos a dar nossos tiros, e sabíamos que não iria acabar bem; não conseguimos parar de atirar contra nós mesmos, um de cada vez, apenas na certeza que em algum momento a bala iria sair; silêncio, apenas o bater do coração podendo ser ouvido, cada vez mais forte... suor frio, preocupação, medo, esperança insana, certeza triste.

E a cada dia meus sonhos começaram a ser mais presentes e eu só queria dormir, para pode sonhar. E sonhar começou a ser mais presente do que viver. E comecei a perigosamente viver o sonho, e meu sonhar começou a ser minha vida; passava mais tempo sonhando do que vivendo. Sabendo que era um sonho, sempre... querendo viver assim. Era como se abandonasse meu corpo para encontrá-la fora do seu, em outra realidade, alternativa.

Certo dia então um susto tomei: uma mulher me chamava, e mesmo na realidade, percebi que era a voz dela. Eu conseguia ouví-la fora dos sonhos e ela podia me ouvir dentro do sonho. O real começou a ficar confuso e eu não sabia mais se sonhava ou se não; sabia que era um sonho, mesmo podendo ouví-la acordado. Uma ligação forte foi feita: o amor há uma imaginação começou ser tão forte que comecei a materializá-la.

Resolvi dar-lhe uma vez uma flor e ela me explicou como entregá-la; existia então uma forma de chegarmos um ao mundo do outro. Como uma sereia, sua voz me encantava e me conduzia a essa passagem, mesmo que insistentemente ela me dissesse para não ultrapassar esse limite... seria sem volta, seria deixar tudo o que vivi para trás e seria destruir o mundo dos sonhos, pois um ser real não podia lá viver.

Vivíamos o amor do Sol e da Lua, separados pelo dia e pela noite, aguardando ansiosos algum milagre divino que nos proporcionasse um eclipse. E assim estou, vivendo sonhando, sonhando que vivo, vivendo o sonho... real, mas imaginário... estou imaginando o real, e tentando realizar o imaginário. Sei que é só um sonho, mas quem disse que não posso sonhar?

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Um Jardim Vagabundo


Numa tarde deste escaldante verão, decidi ir a um jardim. Estranha decisão tendo em vista que nessa estação, como todos sabemos, não é mais propícia para admirarmos a possível exuberancia das flores de um recanto. Porém, a grama estava verde como nunca, embora não houve flores de aspecto exuberante, apenas aquelas resistentes ao calor insurpotável que nos aflige.

Porém, nesse final de tarde, o calor foi abrandado pela brisa suave que soprava, trazendo consigo o cheiro de mar próximo àquele desflorido cenário. Fiquei ali, apenas olhando, observando, como que algo procura, sem a menor intenção de achar nada. Como um caçador que caça sua própria sombra, e assim mesmo a deixa escapar.

Algo porém me chamou a atenção. Uma pequenina e singela arvorezinha, verde como a esperança do desanimado olhar e com apenas um pequeno ponto vermelho. Me aproximei para ver: uma pimenta. Quase não se dava para notar, de tão minúscula que era. Com uma crueldade suave, arranquei-a do pé. Mal sabia eu a grata surpresa que me esperava.



Não sei bem por qual motivo, resolvi levar aquela pimenta para meu canto preferido, para aprecia-la, para conhecê-la e apresentá-la ao meu refúgio: um banco, na sombra, que tinha a melhor visão do jardim, e que de tão discreto, não podia quase ser visto por ninguém.


Comecei a contemplar aquele pequeno fruto e uma magia tomou conta de mim. Senti como se ele quisesse me falar algo e quisesse algo de mim. Primeiro, tive a sensação de uma criança, com seu sorriso largo, que se agrada com o menor afago, que se diverte com o pouco que lhe é proporcionado. Um sapeca menina, que vivia dentro da mesma, e que as vezes, se cansava de brincar e se ausentava da vista de todos.

Em outro momento, senti uma adolescente, empolgada com o novo, envolvente e apaixonante; uma garota esperta, que não queria me abandonar, embora soubesse que isso iria acabar acontecendo. Senti a presença e a vontade de conhecer o lado mulher, embora um pouco havia se mostrado, cansado também de viver muitas vezes escondida, tendo que agradar a qualquer custo, mesmo que sendo arranhada por dentro. Porém forte, e sabendo o que quer, mesmo não tendo forças, as vezes, para alcançar.

De repente, esse fruto escapoliu das minhas mãos, e sumiu por dentro da relva fofa. Fiquei estranhamente saudoso, com saudade inexplicável, como se tivesse vivido um século naqueles curtos momentos. Resolvi ir até a arvorezinha-mãe, para ver se algo encontrava. Imaginei que, por ser um fruto tão 'bravo', sua flor devia ter uma forma estranha, e na minha mente veio a imagem de uma velha, com verruga na ponta do nariz e orelhas de abano.

Tolo eu fui: no lugar da humilde plantinha havia uma grande flor; a mais linda flor deu origem aquela pimenta; uma flor amarela, como cabelos loiros de uma bela branquela, que parecia sorrir para mim. Encontrei uma linda flor no jardim, mesmo fora da Primavera, mesmo sem a minha pimenta. Porém, agora sei que ali a poderei encontrá-la novamente. Para que ou por que? Ainda não sei, porém, vou descobrir.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Carta sem Destino

Começo essa carta dizendo que talvez você não tenha jamais lido nada igual. Ou talvez até tenha, pois não sou o único no mundo que já amou. Ou melhor, nunca leu, pois ninguém no mundo te ama ou amou mais do que eu.

Como sinto sua falta certamente jamais alguém sentiu; como vivo sofrendo tua ausência jamais ninguém viveu. Minha vida se transformou num perfeito vazio (se é que existe; e se existe não seria então imperfeito pela dor que causa?). Seria talvez ingênuo demais comparar esse sentimento com aquele que, quando criança, surgia no último dia das férias, ao arrumar a mala para voltar para a realidade? Ou tolo demais remeter ao sentimento de angústia ao, impotente, assistir a ida de alguém que se ama para os braços de Hades?

Exagero meu? Somente pensa assim quem jamais amou como eu. Certamente, se te parece tolice, é porque recíproca não existiu. Se te parece sem nexo, é porque jamais mereceu tudo isso que estou passando. Mas se te aprouve, é porque ainda restou um pouco de mim no seu 'eu'. E se algo restou, peço ao meu 'eu' em você que te alegre, te faça feliz, te encha de excitação quando esta carta ler.

Palavras bonitas; todas, a ti, já as falei. Sua beleza; a todo momento alguém a enaltece. Seu olhar; sabe que no mais profundo dele mergulhei e o quanto a ele me apeguei. Seus mistérios; descobri alguns e sempre me excitava a procura de outros. Seu coração; lá dentro morei, se ainda moro, não sei.

Talvez eu lhe envie essa carta. Talvez eu guarde por não achar que você precise ler isso. Talvez não te interesse. Talvez eu esteja sendo covarde; talvez prudente. Talvez eu queira mandar; talvez rasgar. Já queimei tanta carta sua, talvez te forneça essa como combustível para sua fogueira de coisas minhas. Talvez você já saiba o que quero dizer. Talvez você nem queira saber. Talvez o pombo que for a levar nem chegue.

Melhor guardá-la, junto com você, nas minhas memórias e protegida, no meu coração.

sábado, janeiro 09, 2010

Sentimentos Vagabundos

Esses dias fiquei pensando em você, no quão proibido pode ser, no quão excitante seria.

Talvez você nem imagine, talvez até imagine o quanto te quero e desejo você. Seria algo improvável no mundo real, mas a proposta é fugir da realidade e viver o imaginário. Utopia ou destinos distantes, não sei. Sei que o querer você é tão grande quanto a impossibilidade de acontecer.

Como eu queria poder me aproximar de você, sentir mais de perto seu cheiro. Como eu queria tocar seus cabelos (e as vezes até com força segurá-los); tocar de leve seus lábios com os meus, elevar o calor do meu corpo me aproximando do seu. Pois chama com chama é fogo que não se apaga, aumenta e nos leva aos suor da loucura.

Como queria sentir sua pele com um leve acariciar das minhas mãos; tocar seus braços, seu rosto, pescoço e colo. Imaginar já me transforma, penso que realizar seria o ápice do prazer. Quero ser como a chuva, caindo sobre seu corpo nu, como as gotas que suavemente caem sobre seu corpo e deslizam vagarosamente por cada pedaço. Quero sentir o seu gosto e quero te enlouquecer.

Sair do anonimato para me esconder em você e te fazer perceber o quão próximo sempre estive e fazer sua dúvida virar certeza. Como é gostoso o proibido e como isso me faz querer cada dia mais você. Como uma fruta doce, quero saborear você e fazer com que você sinta a verdade do meu desejo e o tamanho do meu querer.

Não te amo, não sou apaixonado por ti. Amor não tem a ver com isso; desejo sim.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Modo Prático de Ser Vagabundo

Desculpem os românticos, desculpe-me "eu mesmo", mas hoje acordei me entregando a praticidade do mundo. Acordei imediatista, apressado, acordei desencanado, acordei prático, sem questionamentos, acordei sem saco.


Cansei de tudo ter uma regra, cansei de tudo ser ritualizado. Cansei de escorvar os dentes, de tomar meu banho matutino diário, de vestir roupa, de ir trabalhar de bicicleta para ser mais ecologicamente correto e saudável. Cansei de me podar, de querer salvar o mundo sem superpoderes, cansei da vida, cansei da sociedade.


Quero, neste dia, ser sujo, vestir o que quero, ir onde eu quero, jogar meu papel de pão no chão. Quero fumar, beber, me drogar, me prostituir. Quero poluir, destruir, quebrar, arrebentar, acabar. Resolvi ouvir a voz que é vencida sempre pela "boa consciência" e enlouquecer (no mal sentido).


Quero beijar sem ter que conquistar, quero namorar sem ter que convencer, quero conquistar só como olhar, sem força, sem esforço. Quero sexo sem porquês, quero desejar e realizar os meus e os desejos de quem quer que seja. Quero ser tarado, quero ser vadio. Quero ser vagabundo. Quero ser pervertido. Quero que me vejam como eu vejo. Quero que as mulheres me vejam como eu as vejo.


Quero que me amem como eu amo os outros, me compreendam como eu compreendo os outros, me consolem como eu consolo os outros, e não procurar amar, compreender e consolar mais do que sou.


Não quero ser mais do que sou. Não quero ser o que não sou. Não quero ser o que sou. Não quero o que não quero. Não quero o que querem por mim. Não quero o que querem que eu seja. Não quero o que rejeitam em mim. Não quero a opinião de ninguém. Não quero que me escutem.


Quero rir de piada sujas. Quero ser homofóbico e racista sem ser preso. Quero rebolar sem ser julgado. Quero cantar sem ser ouvido, mas se ouvido, quero aplausos, mesmo que falsos. Quero opiniões falsas. Quero pessoas falsas do meu lado, que digam a mentira sobre mim para me agradar. Quero pessoas honestas longe de mim, que digam a verdade sobre mim para eu não escutar.


Não quero ser caridoso, quero ser egoísta. Não quero ser sábio, quero ser considerado inteligente. Não quero amar, quero ser amado. Não quero pensar, quero sentir. Não quero odiar, quero ignorar. Não quero saber de nada, quero saber de tudo.


Hoje acordei incoerente. Continuo vagabundo, pelo menos.

terça-feira, julho 07, 2009

Um Vago Lugar, mas Nobre

Certo dia, vasculhando um baú de coisas antigas (como se existisse um de coisas novas), encontrei algo que jamais havia percebido ter... uma pedra! Porém, algo me chamou atenção nela, pois a forma era curiosa, não se assemelhava a nada, era fria, dura, escura, inerte... morta (e nesse ponto, me certifiquei que era pedra).

Resolvi colocá-la em um local onde eu pudesse vê-la sempre, não sei bem porque motivo e, ao passar do tempo, notei que quase sem dar para notar, ela se movia. Sim, curiosamente mudava milimetricamente de posição, e eu sem entender absolutamente nada e cada vez mais intrigado e seduzido pela rocha pseudo-encantada.

Conheci uma linda moça, um dia desses, que me chamou a atenção. Pelo seu jeito, por sua timidez aparente, por sua exuberante beleza, me chamou atenção. Dias se passaram, encontrei ao acaso ela novamente, uma, duas... algumas vezes... cheguei a passar um certo tempo junto dessa moça linda. Ao passar pela rocha, notei que ela começara a se quebrar... alguns pedaços começaram a se soltar... logo pensei, que pela idade, ela (a pedra) iria se esfarelar, mas não dei importância grande.

O tempo passando, conhecendo melhor tal moça... vendo que ela tinha um caráter sem igual, um humor maravilhoso, uma energia superboa... notei que a pedra começou a soltar mais e mais pedaços... e pareciam escamas... e se movia... e estava se aquecendo por si só... e começava a não se parecer mais como uma rocha, pois não tinha mais sua coloração original.

Aquilo me intrigava, me deixava sem saber o que fazer... o que era? O que não era? Que relação tinha com a tal moça? Por qual motivo a vontade de ver a moça animava mais aquele objeto até então aparentemente sem vida? Dúvidas... dúvidas...

Aos poucos, fui percebendo o formato, a frequência dos movimentos agora constantes, sua relação com emoções externas; resolvi colocá-lo num local onde o encaixa seria perfeito, vago até então. Coloquei no lado esquerdo do peito, e resolvi chamá-lo de coração.

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Espero que gostem, caros leitores! Muita paz para vocês!

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Percepção Póstuma do Post

Um dia desses, assistindo o empolgante, revoltante e emocionante filme "À Procura da Felicidade", ouvi uma frase, que é refletida durante o decorrer do mesmo, e me atentou a algo que não havia até então percebido. Ela é de Thomas Jefferson, ex-presidente americano, na carta de Declaração de Independência dos Estados Unidos e diz assim:

"We hold these Truths to be self-evident, that all Men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness."
Traduzindo: "Sustentamos como evidentes essas verdades, que todos os homens são criados iguais, que eles são dotados por seu Criador de direitos inalienáveis; entre estes estão a Vida, a Liberdade e a busca da felicidade".

Veja que curioso, poderia ser um direito dado por Deus a felicidade, assim como a vida e a liberdade. Porém, o direito é buscar a felicidade, segundo tal ilustre pensador. Fiquei feliz com esse comentário durante o sofrimento de Chris Gardner (personagem muitíssimo bem interpretado por Will Smith), pois já em meu nobre (porém humilde) blog, havia feito essa percepção (clique e veja); não da frase, mas do direito dado pelo Criador.

Morremos buscando a felicidade. E durante essa busca, nos recheamos de momentos felizes, e de momentos nem tanto. O que faz a diferença é que, quem busca a felicidade, dá tão pouco valor aos momentos tristes, que deixa de lembrar deles.

Don't worry; be happy!

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sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Frase apenas III

Tenho andado preguiçoso, confesso. Também, o que faria eu? Negar? Isso é o óbvio, tendo em vista a escassez de textos atual de meu nem tão nobre blog.

Mas, como diria Mário Quintana, "a preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda."

Não estou inventando a roda, mas a preguiça de escrever me leva a pensar em coisas diferentes, eu diria. E, podendo ser otimista, quem sabe não surgem novos textos?

E o escritor que nunca teve preguiça, que atire a primeira pedra.

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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Frase apenas II

Perguntei a um leitor porque parou de ler meus textos... ele me respondeu dizendo que eu era um "infeliz de um mal-amado".

Pensei: "Sou mesmo? Bom... acho que não... apenas escrevo como quem morre". Me dei ao luxo de parafrasear Manuel Bandeira em 'Desencanto'.

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segunda-feira, outubro 27, 2008

Exigências pessoais... loucuras individuais

Estimados (e talvez, agora, inexistentes) leitores,

venho por meio desta solicitar humilde e descaradamente desculpas pela longa jornada em mim mesmo, sem compartilhar minhas loucuras como comumente fazia com tanto gosto e tanto apreço.

Porém, algo agora me leva a postar, sabe-se alguém lá em cima por quê. Creio que seja possivelmente pela minha nova circunstância social: a decepção. Não tão nova, nem tão inédita, mas novamente aflorada. E ressucitada.

Vejo que minha fé nas pessoas tem se esgotado gradativamente, e de maneira cada vez mais intensa, atingindo até mesmo aqueles que eu mais considero (ou considerava). E digo mais: creio que seja recíproco. O fato é que decepção é um sentimento ruim de ser vivenciado, entretanto, cultivado normalmente por aquele que colhe.

Use esse minuto de perda de tempo para pensar: existiria decepção se suas fichas não fossem apostadas naquele número filho de uma p... na roleta de um cassino? A triste e amarga desilusão existiria se não se esperasse que aquilo que você tanto deseja não acontecesse? Ou até mesmo aquilo que você não deseja, com todas as suas forças, acontecesse?

A decepção (e sua irmã gêmea desilusão) é um dolo maldito. Quando você acredita muito em alguém, e esse alguém, humano como todo ser pensante ou agente dessa terra (ou seja, passível de erros), fere aquilo que você acredita, surge então tal lástima. Ou, quando você não espera que aquela atitude venha de alguém que você confia muito, acontece, ela brota como uma bóia de isopor que foi empurrada dentro de uma piscina cheia.

Eis uma questão, então, curiosa: Por qual motivo, razão ou circunstância nós continuamos apostando e considerando as pessoas que nos cercam? Não sei se tenho a melhor resposta para isso, mas tenho a minha: necessidade humana! Sim, queridos (e nem tão queridos) cyberleitores; sentimos um desejo e uma necessidade de confiar nas pessoas, e quando não conseguimos mais fazê-lo sofremos demais, pois sentimos que essa falta ou desejo não pode ser suprida. Estamos sempre em busca de confidentes, de parceiros, de companheiros, de amigos. E vamos continuar sempre tentando encontrá-los. E, para não variar muito, nos expondo a possibilidade de nos decepcionar.

E daí? Quem vai ao dentista sabe que pode sentir alguma dor durante o tratamento. Quem vai ao advogado sabe que vai sentir alguma dor (no bolso) durante o "tratamento". Quem está na chuva, sabe que vai se molhar. Nós sabemos dos nossos riscos, porém precisamos acreditar que um dia, vai dar certo e poderemos confiar plenamente em alguém.

Confie em Deus. Esse não nos decepciona. Mas não exija nada dEle, pois você pode se decepcionar... com você mesmo!

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sábado, junho 07, 2008

Frase apenas

Minha ausência notória e injustificada irá ter um fim nos próximos dias. Apenas ainda sobre a saudade, li e finalizo o tema com a mesma:

"Saudade é a certeza de que o passado valeu a pena"

Até a próxima e breve!

sábado, março 08, 2008

As Saudades Matam?

Quem inventou esse sentimento tão estranho e instável? Ao ler o Claras em Castelo, de uma admirável web escritora portuguesa, Marta, resolvi tomar emprestado esse título e a imagem lá utilizados para refletir sobre tal indagação da maneira inerente a minha pessoa. Para saber ou descobrir ou imaginar a origem deste, é mister que façamos uma análise do que é a saudade.

A definição técnica da Lingua Portuguesa seria: "recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes, ou de coisas passadas". Recordações não são necessariamente boas, nem a nostalgia. E a saudade, é um sentimento bom ou ruim? Se levarmos ao caminho de que é agradável aos nossos sentidos, teríamos que completar a definição anterior com esse pensamento. A saudade, sendo boa, pode ser vista naquela falta que a pessoa, ou as coisas, ou as situações passadas fazem, e os sentimentos de alegria que estão ligados a ela. Seria então a saudade ou o sentimento que ela relembra, bom (ou boa)?

Se pensarmos nela como um sentimento ruim, temos também que criar uma redação diferente ou corretiva ao dito acima, definido pelo dicionário Michaelis. A falta que nos faz determinadas origens de lembranças que temos, sejam pessoas ou coisas ou situações, pode trazer um sentimento de vazio ou até mesmo de tristeza, pois gostaríamos de reviver aquelas lembranças ou apenas sentí-las novamente.

Ah, então a saudade não é o que nos deixa triste ou alegres, são os momentos passados. E a forma que encaramos a falta que eles nos fazem. A saudade está então bem definida, apesar de envolver então outras dores e alegrias que não a pertecem, mas que se compromete a ressucitar, de acordo com nosso subconsciente teimoso e independente.

Foto de Pablo Herrerías

E quem falou que a saudade pode ser definida? Quem foi que disse tamanha bobagem? Bem, assumo vagabundamente que eu tive essa ousadia. Porém, a saudade só pode ser sentida, não tem como se definir ou prever. Por isso ela é tão estranhamente maravilhosa e deliciosamente inconstante. A saudade está ligada a falta que sentimos, isto é fato. E só podemos sentir falta daquilo que gostamos, de uma maneira ou de outra. Então, quem inventou a saudade, inventou sentimentos bons, como o amor, a paixão, o desejo, o carinho, o prazer. E os sentimentos foram inventados de que maneira?

Poderia se pensar que Deus, que é o - teologicamente (ou teoricamente) - criador de tudo, teria em sua mágica divina gerado isso no próprio ser humano, ao soprar o barro inerte. Certa vez conheci um cão que morreu logo após seu dono ter ido passear nas nuvens. Então ai está o primeiro erro da frase anterior; a saudade não é própria do ser humano. Animais também tem sentimentos, e não discutam comigo. Vamos a definição padrão de Deus: é o amor, é a verdade, é a vida. Então, Deus é um sentimento, uma doutrina, um ânimo ao inerte. Deus não criou a saudade.

A saudade, caríssimos, não foi gerada, criada, inventada. Ela é a escuridão, que não existe na realidade, por ser somente a ausência de luz. Ela é o frio, que também não é real, por ser somente a ausência de calor. Ela é a ausência do amor, do zelo, do afeto, do carinho, de tudo que é sentindo em relação ao que faz falta.

Ah, saudade. Tenhos tantas, que já não sei se sou nostálgico de natureza, ou se são elas que me têm. E como é bom sentí-las. Como é bom que elas existam. Sem as ter, tudo seria tão vago, tão acaso, tão sem importância. Fecho esse devaneio com o comentário que fiz a minha querida Marta:

"Saudade é uma forma do coração dizer que sente falta de bater por um alguém ou uma razão que o fazia exercitar bastante. É o sentimento de um músculo, quando acostumado ao esforço, dói por sua ausência.

É a dor mais gostosa. Principalmente de se matar."

sexta-feira, março 07, 2008

Visões e sentimentos (parte II)

O vazio estava aos poucos se desfazendo; não que estivesse sendo preenchido, mas havia a sensação que deixaria de existir. No ar havia novas possibilidades, uma esperança surgia, parecia o início de um novo tempo. E foi.

O cheiro que tomava conta dos meus pulmões era doce, sem ser enjoativo. Era suave, sem ser fraco. Era abrasador, sem ser sufocante. Era o cheiro de uma nova paixão. E eu nem imaginava isso. A única vontade que realmente me conduzia era de estar perto de sua fonte, sem nenhuma segunda intenção, apesar de sentí-lo ser uma. Comecei a me apegar realmente, sem pensar em nada, apenas levado a tomar atitudes pelo simples fim de continuar vivenciando aquele cheiro. Eu vivenciei aquele aroma.

Então, eis que surge o dourado. Que cor magnífica! Realmente eu passei a entender porque o homem, já em sua pré-história dava tanto valor a pedras daquela cor. E possuía movimento; desarmonia harmônica que uma simples brisa causava passou a me fascinar. E a sensação de não compreender porque algo que sempre esteve tão próximo de mim e que nunca havia sequer despertado minha atenção, passou a me confundir os pensamentos. Era dourado como a coroa de uma rainha.

Ousei! Resolvi tocá-lo, e aos poucos fui emaranhando meus dedos suavemente nesse dourado e aromatizado ser. Que sensação maravilhosa! De olhos fechados, passei a sentí-lo entre meus dedos, o que só aumentava o aroma, e me embriagava ao ponto de eu já nem perceber as diversas vozes que estavam ao meu redor. Estava totalmente concentrado naquele afago. Era como se eu me afagasse, pois eu sentia o retorno involuntário do carinho que eu transmitia. Não queria que terminasse nunca.

Abri os olhos e comecei a perceber que o dourado se misturava com o negro, e que meus dedos causavam um movimento tão descompassado, criando uma confusão união de cores. Era como se o liquidificador batesse em câmera lenta um líquido colorido, como um rei africano banhado em ouro em pó. Eram fios. Cada um com uma vida própria, cada um com uma cor própria, mas sem variar entre o ouro e negro. Não era tão negro, era castanho escuro.

O aroma se foi, aquele ser que possuía tão sedoso cabelo não pode ser mais tocado. E eu, consegui a tempo desapegar de tudo isso; a tempo de não me apaixonar. Talvez se eu tivesse ousado mais, talvez se eu tivesse sido mais corajoso. Talvez se eu não tivesse tocado, ainda seria dourado. E distante.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Paixão

Durante essa noite, estive pensando sobre um sentimento já dissertado por mim, mas que ainda me atormenta; aliás, incomoda (de uma maneira não dolorosa, e ao mesmo tempo dolorosa) chamado amor. Amor é a excência mais pura, o verbo amar transformado em um substantivo, a definição de uma forte e grande gama de sentimentos unidos e sentidos ao mesmo tempo. Diferente de paixão, que na definição envolve sofrimento, mas que queima de forma maravilhosa no peito e que nos motiva a buscar o amor. Não confunda, e as vezes, o amor também envolve paixões.

É interessante que não se deixe nunca de se apaixonar. Isso é algo que todos deveriam sempre lembrar, porém é tão esquecido a cada momento de nossa vida. As sensações que envolve essa explosão de sentimentos, e algumas decepções podem ser incluídas nisso, são talvez a mola-mestra de toda nosso corpo, que impulsiona nossa vida, nossa alma e, principalmente, nosso coração.

O poeta Vinícius de Moraes considera o amor como o fogo, porém minha ousadia me faz alterar o soneto de fidelidade, ao dizer que a paixão "não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinita enquanto dure." O amor não morre, ele é eterno, por uma simples questão lógica. Acredite você ou não, se uma das definições de Deus é que Ele seja amor, e outra é que Deus é eterno, temos que o amor é eterno. A paixão, entretanto, não é eterna e passa a ser inconstante e bem mais complexa, necessitando de ser alimentada constantemente, para se manter viva.

A paixão, segundo uma outra web-escritora, Joanna de Assis é "o fogo que queima sem doer, mas que se apaga com o mais leve assopro". Ainda sim, faço mais palavras delas como minhas: "Eu já me apaixonei e já amei e, na maioria das vezes, tudo começou com aquela sensação de borboletas no estômago. Aí as coisas evoluem, e quando você vê, já está vivendo aquelo namoro tranquilo, com sabor de fruta mordida. Já tive amores apaixonados, já sofri, já chorei. Já amei mais do que a mim mesma. E foi aí que eu aprendi."

Algo que também me veio a mente é a possibilidade de uma paixão não requerer motivo ou alvo. Ser apaixonado pode ser um estado de espírito, como alegria, tristeza, estressado, relaxado, ou envolver todos e/ou mais alguns. Talvez exista a chance de viver apaixonado pela vida. Ou seria essa uma tentativa de ser feliz ou de não deixar o seu "eu" mais intímo admitir que você está com as "quatro patas arriadas" ou ainda "com as orelhas levantadas e a linguinha de fora" por alguém?

Sim, o cachorro é um exemplo clássico de paixão extrema e contínua, motivada por gestos tão pequenos e as vezes tão raros como carinho e atenção. Porém, ele sempre fiel, continua com uma felicidade absurda ao ver seu dono entrar pelo portão, deita a seus pés tentando alimentar o fogo que o sustenta. Ah, que bom seria termos uma vida de cão! Seríamos tão felizes e não nos importaríamos com nada.

Todavia, melhor mesmo é ser humano, ou ser um ser humano, como queiram. Podemos desenvolver paixões concientemente, mesmo não conseguindo evitá-las. E assim, quem sabe, descobrir novos amores, de diversas intensidades e sabores?

Um certo jovem havia perdido a vontade de se apaixonar, até que pequenos gestos o fizeram perceber que ele não possui controle sobre isso, a não ser que seu coração se congele. Coração foi feito para bater, e coração congelado não é coração. É pedra! Sorte que, em tempo, ele pode perceber isso. Creio que não mais fará a asneira de tentar domar seu aparelho cardio-psicológico e que deverá liberá-lo para pulsar cada vez mais forte. Não importa se por alguém, ou por ninguém, bom mesmo é sentir a paixão. E se você se apaixona por alguém, e ele não corresponde, francamente, não deixe isso abalar seu sentimento, apenas continue sentindo... claro que tente transferir não para a pessoa, mas para o sentimento. Ame ser apaixonado e se apaixone por amar. Aí sim, com fidelidade ao sentimento, a sensação de felicidade vem mais forte.

Quanto a mim, estou apaixonado.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Falas da Vida

Certa noite, estava pensando sobre o turbilhão de sentimentos que nos assolam as vezes, e que sem explicação, somem e ainda nos remete a passados que lembramos somente quando estamos sozinhos. Eis que ouço uma música:

"Foi nos bailes da vida ou num bar
Em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim

Cantar era buscar o caminho
Que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe, tudo tão bom
Pé a estrada de terra na boléia de um caminhão
Era assim

Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se foi assim, assim será
Cantando me desfaço e não me canso
De viver, nem de cantar"

Milton Nascimento fala sobre os seus instrumentos maiores, o canto e a composição, e a relação com o tempo e sua dimensão. A vida é sempre assim, a força do ínicio sempre existe para impulsão, que nos leva muitas vezes por um bom tempo. E para fazer o que se gosta, ou com quem se gosta, não há problema no mundo, não há distância, não há dificuldade que não possa ser superada.

E, por fazer o que se gosta, ou por quem se gosta, não nos cansamos de viver, nem de lutar. E o fluxo vital continua levando para envolvimentos sempre cada vez maiores.

Tenho notado que meus textos estão sempre se referenciando em letras de música e que, alias, já se tornaram parte dos meus devaneios. Não sei o motivo, e nem pensei nisso anteriormente, apenas começou a acontecer, talvez pela facilidade de relacionar assuntos, talvez pela completa falta do que fazer. Sei lá. Creio que a música é uma grande forma de conduzir as idéias, e elas nos levam exatamente onde o povo está, e é lá que o artista tem de ir. Isso acaba de me recordar outra música, dessa vez, gravada por Chitãozinho & Xororó:

"O grande Mestre do céu, nosso Criador
Quando nascemos um dom nos dá
E cada um segue a vida,o seu destino
E nós nascemos só pra cantar.

Iê iê ih ih ih ih iê, iê iê iê iê.
Iê iê ih ih ih ih iê, iê iê iê iê.

Quem canta os males espanta a gente é feliz
Tal qual um pássaro livre no ar
Pensando bem nós temos algo em comum
Porque nascemos só pra cantar.

Disse o poeta: O artista vai onde o povo está
Por isso cantamos, a qualquer hora, em qualquer
lugar."

O poeta citado seria o Milton Nascimento em sua música anterior ou teria ele também referenciado alguém? De qualquer forma, devemos sempre ter liberdade real na vida, livre de nossas próprias amarras, conceitos e 'pré-conceitos', pois cada um segue a vida e o seu destino, nascendo ou não para cantar.

E outra figura já carimbada de meus textos aparece: Deus! Sim, ele é o grande Mestre do Céu, o nosso criador, aquele que nos dá dons e apenas nos pede que os desenvolvamos. Dom é um bem preciso, que ninguém pode tirar; um presente com nome gravado. Vida é um dom, assim dentre tantos, e não podemos brincar com a nossa. Devemos sempre refletir que "existem pessoas que esperam apenas, existem aqueles que esperam e agem", e aqueles que nem esperam (ou fingem). Ouvi isso de uma pessoa que respeito muito, pois a afirmação foi referente a comodismo que assumimos a maioria das vezes que esperamos, e esquecemos de que nossos dons são para serem evoluídos e utilizados, e não agimos.

Pare para respirar: será que você está acomodado? Os braços cruzados são de quem não liga se algo não acontecer, ou de quem não quer se esforçar para que aconteça? Ou seria ainda medo de arriscar, de não se envolver ou decepcionar com que se espera que aconteça?

A vida passa meu jovem, e o entusiasmo inicial, caso tenha sido perdido, deve ser revigorado ou até imitado; o que não se pode é ficar realmente parado. Tenho medo e braços cruzados, sabe. Mas tenho pensado em botar em prática, em arriscar. Por isso, a partir de agora, eu canto a qualquer hora e qualquer lugar.

Um boa semana!

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Beija-flores Vagabundos

Ouvindo a música de Vital Farias, interpretada por Fábio Júnior em sua gravação audiografada, fiquei pensando na poesia dessa letra, e como ela é interessante.

"Não se admire se um dia
Um beija flor invadir
A porta da sua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê

Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Lhe mando um monte de beijos
Ai que saudade sem fim

E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Ocê caia no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê."

Passei então a observar os beija-flores, esses animais tão simpáticos e tão pouco romântico, que ficam de flor em flor, na sua indecisa vida de beijos, como um garoto dessa nossa contemporânea época, utilizando de sua liberdade para não criar vínculos a nenhuma flor. O mais engraçado é que, tanto o beija-flor quanto o garoto moderno, tendem em algum momento a ficar perto de alguma fonte de beijos fixa, seja ela uma flor, seja ela uma bela mulher.

Mas, assim como o beija-flor, os garotos se enganam facilmente. Pois, quando menos esperam, estão tão envolvidos que não podem mais, por motivos de encantamento, se libertar para outras flores. Até tentam, em vão, porém, aquela magia os aprisiona de tal forma que, espera-se que a flor esteja sempre naquele jardim, a sua espera, para colher o seu beijo, assim como ele beija o seu mel.

"Assim que o beija flor
Beijou a rosa
A rosa desabrochou
E sorriu para o beija flor
Beija flor bestificado declarou o seu amor....
seu amor, seu amor, seu amor
A Rosa chorou, por que não tinha asas como um beija flor
O Beija flor, à abraçou
E disse não chores minha flor,
Porquê Porquê.... não precisa ter asas pra se apaixonar
Agora que eu te encontrei é do seu lado que vou ficar
Oh beija flor, só me resta morrer porquê eu te amo e eu não
Posso ficar sem você
Oh minha rosa, tente entender também te amo por isso
Não vou deixar você
Oh beija flor, não se prenda a mim pois tens o mundo inteiro
Para voar e descobrir.. descobrir!
Oh minha rosa você não entendeu, eu naum vou partir
Porquê meu coração é seu
Eu Não vou voar não há nada a descobrir
eu encontrei o amor
Quero morrer, junto a ti junto a ti junto a ti
Não precisa ter asas pra se apaixonar"

E assim, bestificados pelo sentimento mais puro que existe, 'beija' e flor, flor e 'beija' vivem um para esperar o outro. Contam os segundos para se dedicarem um ao outro. Claro que as vezes o gosto dela está meio amargo, ou ele a beija com o pensamento distante. E se desentendem. Mas logo juntos estão novamente e não há nada que os separe.

Engano tolo, eis que um dia o nobre pássaro, ao chegar ao jardim, não encontra mais a "sua" flor. O que será que teria acontecido? Na mente dele, ela nunca sairia dali, seria impossível (na verdade era improvável). As vezes, o improvável acontece, e sempre, pela lei de nosso grande e nobre vagabundo Murph, quando o beija-flor bate suas asas mais intensamente de felicidade e sorri incontrolavelmente. A flor não está mais ali, naquele jardim.

Ele então passa a procurá-la como se a vida dele dependesse disso, como se fosse sua água, seu ar, seu alimento (e não é?). Voa desatinado, desesperado, desconcentrado. Voa. Até que ele a encontra num vaso, linda como se nada tivesse acontecido. Ela não é mais dele, pois ele encontra outro beija-flor a beijando. Que sofrimento! Que dor! Se existe alguma dor psicológica maior que a dor da traição, não me digam e nem me mostrem. Prefiro a ignorância.

Em seu ninho, a dor toma conta de todo o corpo; suas asas, seus pés, sua cabeça e principalmente seu coração doem como tivesse sido violentados numa surra "de criar bicho". Apesar de tudo e todos (que protestam), ele volta até onde estava a flor. Eles se beijam e novamente ele vive intensamente cada momento. Na volta para casa, porém, ele sabe que algo vai acontecer e que eles jamais vão se ver.

Ele é um pássaro; ela é uma flor. Não há natureza que exista que permita a realização desse sonho. Ela até tenta bater suas pétalas; ele até se perfuma; em vão. Ela não está mais no vaso, ou no jardim. Ele, fraco como um beija-flor, por medo (não se sabe de que, apenas não se assume), nem retorna e nem procura saber o que aconteceu com ela. Apenas rega, esporadicamente, os botões que ela deixou no jardim, mesmo eles não sendo obviamente filhotes dele. Esses botões são uma grande e boa lembrança de bons momentos, são um amor de que não se espera nada em troca, apenas o sentimento existe. Diferente do sentimento pela flor, que exigia retorno do mesmo.

E mesmo embora existam tantas flores, mesmo ele negue sempre, ele sempre pensará e se lembrará daquela flor. Até se envolve, se apaixona, mas sonhar... ah, sonhos de um beija-flor.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Visões e sentimentos (parte I)

De repente, acordo com um gosto estranho na boca, como se tivesse passado a noite toda mascando o pano de um guarda-chuva velho. Estava frio demais para minha fina camisa, e quente demais debaixo de um cobertor. Percebo estranhamente que estou sozinho, ninguém estava ao meu lado.

Ainda zonzo, meio sem saber onde estava, meio sem conseguir abrir os olhos que ainda ardiam, não sei se pelo resto de sono que restava em mim, ou se pelo vento seco que os atingiam, não identifiquei o lugar onde eu estava. Alias, nem mesmo pensei em tentar decifrar tal enigma irrelevante naquele momento. Apenas sabia que tinha acordado, sentindo que não deveria, e que talvez fosse melhor tentar continuar dormindo.

Rolo para um lado, rolo para outro, e não encontro posição. O lugar onde durmo é tão pequeno que incomoda, mas bem mais confortável do que eu pensara. Macio, sem ser fofo; firme, sem ser duro. Tentei colocar meus pés no chão, porém percebi que meus calçados sumiram durante o efeito do veneno de Hypnos. Me restaram apenas restos de panos rasgados que eu teimava em chamar de meia. E por falar em Mitologia Grega, tentei lembrar qual história em minha confusa mente Morfeu teria me contado durante a noite, novamente sem sucesso. Ou ele teria se esquecido de mim, ou me deixado descansar, ou apenas eu estava cansado demais para me lembrar de fantasias, sonhos.

Lutei bravamente contra a resistência moral e psicológica, e por que não física, de minha mente e corpo, e forcei minhas pálpebras para cima, sentindo uma incomoda dorzinha, nada muito grave, que dificultou ainda mais de agir a minha força de vontade de acordar. Aos poucos, fui tentando focalizar algo, já que a luminosidade naquela manhã parecia tímida. A primeira imagem desfocada e desprovida de qualquer forma que invadiu minha retina foi cinza. Apenas uma cor. Cinza. Mas não era algo cinza. Era tudo cinza. E um cinza pastoso, que eu podia tocar, apesar de nem imaginar me esforçar a isso. Aos poucos vou tentando encontrar algum ponto diferente naquela mancha de tinta, que eu imaginava ser um quadro de um pintor preguiçoso. Eu estava preso dentro do quadro, e isso começou a me preocupar.

Encontrei então um ponto preto, meio desbotado, ainda sem entender o que era. Que sensação estranha de inércia e de luta. Uma guerra sem movimentos, que aliás não ocorriam devido a prisão de meu corpo. Com a força que me restava, ou que eu estava absorvendo da manhã, decidi me levantar. Encontrei meus calçados, vesti e fui andando meio sem rumo, sentindo como se estivesse dentro de uma grande caixa em movimento, algo que dificultava ainda mais meu andar já cambaleante.

Encontrei uma porta. Sim, apareceu uma porta. E a imagem começou a se restrigir a única janela descoberta. E todo o resto era preto. Breu total. Abri a porta e me deparei com um pequeno banheiro. E uma janela ainda menor. Resolvi aliviar minha encharcada bexiga, e continuava olhando fixamente para a pintura, que percebi que tinha um movimento próprio. Além disso, traços pretos passavam na frente dela como vultos, o que começou a me deixar ainda mais nervoso. Foi quando percebi uma certa divisão entre os tons de cinza. Notei que tinham dois tons de cinza, e que tinham movimentos independentes. Um, era como um líquido que se espanhava e retraia, e o mais claro, era como uma fumaça que tomava conta de tudo.

O ponto preto! Pensei! Focalizei! Observei! Vi! Um barco! O mar! Cinza escuro! O céu! Cinza claro! Postes! Vultos pretos rápidos!

Me recompus olhando minha imagem num velho espelho, pois estava chegando mais uma vez no mundo dos meus desejos, a realização dos meus sonhos. E, dessa vez, eu estava acordado.

terça-feira, novembro 06, 2007

Papo vagabundo

Estava pensando se tenho ainda algum leitor, devido a minha inadimplência em postar meus devaneios mal-escritos, ou será que estou me relatando ao vento? Conversar é melhor do que monologar, não acham? Aliás, vocês tem reparado como é difícil hoje em dia manter uma conversa apenas, sem interesses quaisquer, apenas para passar o tempo com alguém? Vejam essa música:
"Deixa que digam

Que pensem
Que falem

Deixa isso pra lá
Vem pra cá
O que que tem?
Eu não estou fazendo nada
Você também
Faz mal bater um papo
assim gostoso com alguem ?"

A foto é apenas uma homenagem ao autor-cantor sarcófico dessa música, o mestre Jair Rodrigues, um grande e nobríssimo Vagabundo, no sentindo melhor que existir da palavra (que ele não se zangue com isso!). Note que é exatamente o que eu estava comentando, principalmente a última frase. Será que há mal bater um papo gostoso, pelo simples fato de não estar fazendo nada? Qualquer conversa tem que ter uma finalidade, um interesse, um resultado? Claro que não; atire a primeira pedra quem nunca "jogou conversa fora". Mas pens
e em pessoas de sexo oposto (estou falando obviamente de heterossexuais), sozinhos, conversando. Certa vez alguém me disse que não existe amizade entre homem e mulher sem interesse. Na hora, me irei e discordei plenamente, abrindo um discurso excessivamente puritano. Depois comecei a reparar que isso não é de todo mentira, aliás tem muita verdade nessa história.

A própria música do intrépido cantor acima mostra isso na sua segunda estrofe, apesar da despretenciosa primeira estrofe referida acima. Vejamos:

"Vai, vai, por mim
Balanço de amor, é assim
Mãozinhas com mãozinhas pra lá
Beijinhos com beijinhos pra cá
Vem balançar
Amor é balanceiro meu bem
Só vai no meu balanço que tem
Carinho pra dar"




Vocês notaram na foto acima essa figura ímpar da música brasileira, que atualmente regravou a música em questão. Sempre que o vejo, me vem na cabeça uma imagem de um surfista que mora no Centro de Belo Horizonte, ou de um japonês nato, com cabelo rastafari, camisa do Che Guevara, uma rave dançando trance. Essa mistura maluca chamada Lulu Santos, completa também assim, fiel a versão original. Note que a conversa descambou para um lado mais de conquista do que de troca de idéias ao léu. Incrível isso né? Seres humanos são realmente facinantes por suas complexas e naturais atitudes. Um tanto quanto previsíveis, mas curiosas.

Existem então de fato um interesse, seja ele profundo, quando se objetiva um resultado específico, ou superficial, no caso da simples troca de idéias. Se isso é verdade, cheguei em um paradoxo, pois eu afirmei no início que era possível uma conversa desinteressada. Paradoxo como "eu sou de Creta e todo cretense é mentiroso". Se estou falando a verdade, a frase é falsa, pois não seria mentiroso. Se estou falando mentira, por ser cretense e mentiroso, a frase é falsa, e minha afirmação uma verdade (contradição).

E detalhe que eu, inicialmente, não tinha pretenção nenhuma quando iniciei esse post, porém, durante a escrita, a intenção de formar um paradoxo de auto-referência surgiu. Talvez não tenha conseguido de forma brilhante ou plena, porém que meu esforço seja levado em conta.

Curioso isso. Talvez o interesse surja durante uma conversa despretenciosa, e de repente, ao surgir um assunto específico, inicia-se a pretenção de sujeitar o interlocutor ou o outro participante da discussão a um objetivo, esperando um resultado. Um tanto esquisito pensar nisso. Mesmo porque, durante uma conversa, obviamente, não paramos nem um momento para sequer analisarmos esse tipo de coisa, e caso agíssimos assim, seríamos provavelmente considerados loucos. Porém nosso subconsciente trabalha nisso, involuntariamente.

O importante é conversar, sempre e principalmente quando há assuntos inacabados. Experiência própria: assuntos inacabados são fantasmagóricos, evite-os ou acabe antes que eles brotem novamente. Novamente, apenas um conselho desse ser "que não está fazendo nada". E se você está me lendo, "você também".

domingo, agosto 12, 2007

Who's here? Auto-retrato escrito

Para o deleite de meus caros amigos leitores nem tão assíduos, e nem, ainda bem, tão "dezelosos", falarei um pouco sobre mim. Não, antes que me perguntem, não sou esse da imagem ao lado, nem tão barbudo, nem tão desleixado, mas um tanto quanto Vagabundo.

É engraçado que a primeira imagem que vem à nossa mente quando pensamos em vagabundagem é de um morador de rua. Falei alguma inverdade? (Me corrijam, por favor) Algo como alguém que simplesmente não quer se cuidar, não quer se ocupar, não quer se pré-ocupar, ou até mesmo se preocupar. Mas, será que por ser morador de rua, o ser optou por isso? Ou seja, se a resposta à pergunta anterior for não ou talvez não, então essa não é a definição correta para Vagabundo, classe de tão pouca estirpe, a qual nobremente pertenço.

Então Vagabundo é aquele que opta por ser livre de obrigações e deveres, aquele que não se importa com o que vão pensar ou o que vão dizer dele. Bem, não é o meu caso. Minha nobreza vem do meu zelo pelas obrigações, conflitantemente concatenado à definição de vagabundo.

Sou apenas um rapaz, latino-americano, sem dinheiro no banco, já diria nosso velho amigo dono de um fuscão preto. Sou um ser pensante, um ser vivente, um ser observador, um ser aconselhador, um ser chato. Sou apenas um alguém sem ninguém, ou um zé ninguém a procura de alguém ou "alguéns". Sou um louco consciente ou mesmo um inconsequente realista. Vivo de amor profundo, não de paixões, como diria um grande amigo meu. E sou fiel ao sentimentos, o máximo que posso ou que consigo. As vezes, tento não tentar ser ou deixar de ser, mas acabo sendo. Sou o incompreendido mais compreendido, e procuro mais compreender do que me importar com isso.

Amo a vida, a natureza, mas as vezes esqueço que elas existem. Sou um metido a escritor que em todos os textos recebe correções, e se envergonha de ser tão ignorante, mas ao mesmo tempo se orgulha com cada produto ou serviço criado ou realizado. Sou um brincalhão de idéias loucas, sério ao extremo mas completamente alegre. Triste também, mas somente quando sou bobo. Alguns dizem que sou bobo o tempo inteiro, outros dizem que temem porque sou sério demais.

Talvez seja por isso a indeterminação da minha idade: tenho para muitos vinte e poucos anos, como a música de certo filho de Fábio, de mesmo nome do pai (aliás, tão cantado) diz, para outros tantos cheguei a crise dos 40. Nem eu mesmo sei, parei de contar o tempo, ele estava me escravizando. Sou perecível a ele, por isso, prefiro viver por um segundo apenas. Sou um frustrado por não fazer coisas que queria, sou também um realizado por fazer bem feito o que fiz. Passado, presente e futuro misturados numa deliciosa máquina de lavar chamada tempo. Sou da minha era, a Era Neozóica, um viajante temporal. Almoço com Platão, tomo café com Sócrates, bato um papo com o Barão de Itararé, ouço Juca Chaves.

Amo ler, sou louco por livros que buscam nos questionar e encontrar respostas. Mas sempre arrumo uma desculpa para evitá-los, pois livros são manuais de liberdade muito perigosos e tenho medo da liberdade de pensamento, e por isso, ela me aprisiona em minha própria débil mente. Debilmente pensado, eu diria, e vocês provavelmente concordam.

Fujo de mim mesmo, tentando me esconder dos outros, e dizendo que não me importo com eles. Sou hipocrita demais, realista e sonhador ao mesmo tempo, idealista, rebelde sem causa. Tenho a vida doida e encabeço o mundo, como se ele fosse meu. Mas, espere, cada um tem uma visão própria do mundo, então, o mundo é realmente meu.

Não ligue para o que penso, ou o que falo. Ou ligue. O importante é que cada um saiba o que realmente é. Quanto a falta de pistas sobre minha identidade, meu nome, é explicável. Sou inexistente, porém estou dentro de cada um e incomodo. Se você tentar me ouvir dentro de você, você verá como é doloroso. E por isso, perdoa meu amor, essa Nobre Vagabundo!

Um forte abraço! Fiquem com Deus!

terça-feira, agosto 07, 2007

O tempo não cura tudo

Quem não conhece o Taj Mahal? O tão famoso palácio-monumento, construído pelo amor de um homem como homenagem a sua amada, é diariamente visitado por românticos casais que buscando a construção, fortificação ou renovação do sentimento mais puro e mais desejado pelo ser humano: o amor.

Ah, o amor! Que sentimento mais covarde e enganador, mais gostoso e dolorido, maravilhoso, divino e terrivelmente delicioso de ser sentido. Quem nunca amou, não atire a primeira pedra (por que isso não é prova de amor), apenas ame.

Percebam que o amor está na nossa essência humana desde que nascemos, e se não surge ou não se multiplica é pura incompetência de nossa educação paternal, nossa social-capitalista ou capital-socialista sociedade, ou ainda, sem buscar culpados, nossa mesmo. Fomos feitos de amor. A alma, que é o que move nosso intrépido corpo, é simplesmente composta de sentimentos, coisas tão abstratas como os átomos de um copo d'água.

Mas vocês devem estar se perguntando: "senhor Vagabundo, o que isso tem a ver com o texto (devaneio ou post, como queiram) de hoje?". Seria interessante explicar então o real motivo desse discurso insensato. Estou escrevendo sobre tal vil sentimento por uma causa completamente egoísta: eu estou doente. Sim, doença incurável, que me traz tanta alegria e tanta dor simultaneamente, doença impiedosa e piedosa, doença de bipolaridade extrema, que me deixa completamente feliz e me deprime. O nome dela? Amor.

Antes de casar sara, o tempo vai curar essa ferida, o vento leva. Pois bem, diferente do filme, o "vento não levou". Amor por amor, é um sentimento extremamente bom, pois envolve caridade, bondade, fidelidade, honestidade, consciência. Mas amor por amar, nos leva a velha máxima de que o povo tem razão: "o buraco é mais embaixo". Não estou falando de nada psedo-sexual não, estou falando de que na prática, a teoria é apenas uma organização prévia totalmente suscetível de mudanças. Todas as regras tem exceções, e todas as exceções existem somente por causa de uma regra. Não há remédio, não há cura, apenas podemos criar ou ocupar nossas mentes seja com tarefas, com outras paixões, com outras situações para abafar o sentimento.

Certa vez me disseram: cuidado para não congelar seu coração. Olha, foi um dos melhores conselhos que já recebi e não segui. Quando você tenta abafar um sentimento, seu coração fica completamente frio, pois não há como solidificar parte do coração, sem imobilizá-lo por completo. Tente fazer isso com um kilo de músculo, desses que você compra em um supermercado ou açougue qualquer. Você pode até, através de muita criatividade e esforço inútil, conseguir tão proeza, mas pode ter certeza, o pedaço de carne nunca será o mesmo. Assim funciona o músculo do sentimento, que denominamos abstratamente de coração, ele pulsa como o nosso coração físico e até interfere no batimento do mesmo. Mas como um músculo que é, você não consegue fazer com que ele continue pulsando com parte imobilizada. Não mesmo. Crianças, não tentem fazer isso em casa.

Como todo sentimento, (e o amor não é um sentimento, e sim um conjunto de sentimentos e sensações que envolvem nosso corpo) os que envolvem minha doença não passam de reações químicas realizadas no interior de minha carne ("que um dia a 'terra' há de comer"). E, como toda reação química dentro do nosso corpo, me trazem diversos tipos de sensações. Como uma droga, essas sensações variam entre boas e ruins, e não tenho controle sobre elas, não ainda (procura-se um guru indiano tântrico - que não tem necessariamente a ver com o sexo). O problema de toda droga é o seu efeito poder transformar o seu usuário dependente do mesmo e, quando passa, causa imenso estrago, tanto físico, como psicológico e/ou emocional. Pense num dia de calor intenso, e alguém te serve uma Coca-Cola estúpidamente gelada. Ela desce queimando a alma, mas após ultrapassar o caminho da sensação acima dita, te dá um alivio refrescante. Pense num dia inteiro calçado com um sapato apertado e, ao chegar em casa para descansar, o sentimento de alivio ao tirar. Muito bom, não é? Assim é essa droga. Ele nos enxe de substâncias químicas que nos apertam, nos queimam, nos sufocam, e quando "matamos" a saudade, quando ficamos felizes por algum gesto, esse aperto/queimação/sufoco passa e assim, temos a mesma sensação das comparações acima.

Mas veja bem, se a excência humana, a alma é constituida de amor, e esse pode nos causar vício, então estamos realmente perdidos. Perdidos de amor. Como se livrar de algo que te faz viver? É como tentássemos nos livrar do oxigênio da atmosfera, que nós fazer viver e envelhece nossas células. Não há como viver sem oxigênio, e não há como se manter vivo usando oxigênio. É um veneno necessário. Assim é o amor. Um veneno necessário.

Pois bem, o amor não tem que necessariamente ser visto como esse mal enorme que estou pintando, como um quadro de Picasso, que me dói os olhos de ver, pois de tão feio e estranho, chega a ser fascinante e belo. A paixão (que, em seu significado, envolve sofrimento), o respirar profundo, o suor das mãos, a taquicardia que causa, tudo isso é algo tão maravilhoso de se sentir, é tão bom e tão gostoso, que faz valer a pena, faz nos ter coragem de arriscar.

Arrisque-se, seja ousado... corra o risco, não fuja do amor. Faça valer a pena. Nunca freie o que você sente, pois, posso te dizer, essa doença pode me matar, mas morro feliz por amar.

Um forte abraço desse nem um pouco, mas um certo tanto romântico, porém completamente, Vagabundo.

domingo, abril 08, 2007

Monte Felicidade, o meu (???) lugar


Nesse tempo que sumi, por muita coisa tenho passado, vivido, aprendido, observado... Tenho sofrido, tenho estado alegre. Mas algo que tenho discutido exaustivamente é sobre a felicidade. Vocês, claro, hão de me execrar em praça pública se eu disser novamente que ela não existe. Um senhor me disse: "Felicidade é uma utopia real." Vejam que frase curiosa:

Utopia é um sonho de algo quase inalcançável, beirando o impossível. Real é algo que se pode dizer que existe e que acontece. Então, matematicamente substituindo, temos que a felicidade é um sonho quase impossível que acontece. Um sonho que acontece?

Bem, esse senhor acredita, pelo que se pode verificar, que mesmo difícil de ser alcançada, a felicidade existe. Eu não concordo. Acredito que a felicidade é um ideal criado pelos próprios seres humanos, para que nós mesmos tenhamos um motivo para seguir vivendo, como se fosse uma escalada ingreme, e cada dia consiga-se se aproximar do topo, desse ápice, desse sonho.

Seres humanos, tenho compaixão por nós. Somos tão pouco sábios que nem percebemos que não há escalada, não há montanha com o nome "Monte Felicidade" e que essa dificuldade é por nós estarmos rastejando, no próprio chão, tendo a sensação de estarmos em outro plano, na vertical, enquanto estamos mesmos na horizontal, o mesmo plano que nossos corpos ficarão eternamente enterrados.

Mas, vocês me (provavelmente) acusam, "seu" Vagabundo, você deve ser um frustrado ou um ser amargo e incapaz de ser feliz por afirmar que esse Monte não existe. E me questionam: você não é feliz?

Minha resposta é: isso é irrelevante. Não sou tão feliz mesmo, mas o que isso importa. Ninguém é plenamente feliz, só se alcança a felicidade plena quando se morre, no descanso eterno. Até lá, existem apenas momentos tristes e momentos felizes, que gostamos sempre de chamar de "lembranças", porque é isso que se tornam.

Então, vejam a conclusão: se passamos a vida inteira buscando a felicidade plena, e ela só vem com a morte, então vivemos (e sempre queremos viver mais) buscando morrer. O Monte Felicidade é na verdade o Monte Olimpo, onde passaremos com os gregos (e todos aqueles que já se foram) a eternidade.

Ah, então a idéia de se escalar para alcançar o topo da Felicidade vem daí, do "céu", do Paraíso, que está lá no alto, junto com Deus. Então, questionam vocês novamente, "seu" Vagabundo, devemos buscar morrer? Bem, segundo um jovem senhor que morrer a mais de 2000 anos e que por sua ressurreição estamos festejando no dia de hoje, só se alcança o "céu" vivendo de forma correta. Então, meus amigos, minhas amigas, e meus nem tão amigos assim, só se alcança a felicidade vivendo, para que se consiga morrer com dignidade.

Uma feliz páscoa!

Um forte abraço desse Vagabundo que vos fala.

terça-feira, junho 27, 2006

Escravos Mascarados


Observando essa obra de arte de Reynaldo Fonseca, o Mascarado, Óleo sobre Duratex, comecei a pensar sobre nós, seres humanos, o quão dependentes dos nossos sentimentos nós somos. E como reagimos a essa dependência quase inevitável.

Nós, os seres humanos, ora chamados de macacos, ora chamados de imagem e semelhança de Deus, ora chamados de vida inteligente, seremos nesse texto chamados de "joguetes".

Como Shakespeare narra em sua peça, "Romeu sofre a paixão em vez de atuar nela, tanto quanto sente-se joguete frente às forças do destino/fortuna" (retirado de Espaço Academico), assim o somos também. O ódio, o amor, o medo e a certeza nos dominam e somos escravos totalmente submissos a esses sentimentos, sem nem a esperança de termos uma bondosa e manipulada princesa, como em nossa brasileira história, para assinar nossa "Lei Áurea" e nos libertar dessa nossa humilhação.

Verdade, meus nobres amigos, vagabundos ou não, somos joguetes dos sentimentos. Eles brincam com nossas ações e pensamentos, eles nos dominam e riem de nossas atrapalhadas atitudes de meros sentimentais. E não adianta dizer que você domina seus sentimentos, pois não consegue.

Existem aqueles que conseguem acorrentar os sentimentos, porém, não há como acorrentar um só deles. Eles são ligados uns aos outros. Assim, todos os sentimentos ficam acorrentados por alguns espertalhões, que se tornam frios e calculistas. Ah, doce ignorância, tão pura quanto a água do Rio Tietê em plena Marginal. Quando se menos espera, os sentimentos vêm a tona e nesse momento, o tão esperto joguete (ser humano) passa a condição de dominado imediatamente, e suas ações são totalmente impensadas e aleatória, como uma brincadeira de roleta russa, onde apenas uma bala é colocada no revolver, e há um revesamento de tiros sobre a cabeça dos participantes, até que um descobre mortalmente onde ela se encontra. Incrível como somos joguetes patéticos.

E, para aliviar nossa escravidão aos perversos (mesmo que alguns sejam prazerosos) sentimentos, criamos máscaras. Sim, como na obra acima postada, vivemos máscaras do que queremos que os demais joguetes (seres humanos) vejam. Existem estudos sobre isso, que para cada situação devemos ter uma máscara, natural. A loucura está na produção desgovernada e capitalista (num capitalismo sentimental, onde "vendemos" a preços concorrenciais nossas diversas caras) de máscaras, que acabam por nos dominar.

Pense, como você se comporta com sua famíla, como você se comporta com seus amigos, como você se comporta no trabalho/faculdade, como você se comporta sozinho. Para cada momento, você age e fala diferente, mesmo que seja uma diferença sutil demais até mesmo para você perceber. Essas são as máscaras a que me refiro. Todos nós evitamos que o mundo nos veja totalmente como somos interiormente, pois isso é expor totalmente o seu sentimento e assim se tornar tão frágil quanto uma bolha de sabão.

Sei que alguns podem ler esse devaneio do vagabundo que vos escreve, e discordar totalmente de minhas afirmações. Tudo bem, não estou aqui sendo o chefe das opiniões de uma população, e simplesmente expondo minhas idéias e devaneios. Porém, a vida é cheia de opiniões e nem mesmo os mais conceituados filósofos concordam entre si. Mas uma coisa é certa... somos joguetes. Seja dos nossos sentimentos, seja de nós mesmos. E estamos ávidos por arrumar desculpas por nossas ações, assim como ser dominado por sentimentos. Somos joguetes engraçados.

Um forte abraço!

terça-feira, junho 13, 2006

Vida Vagabunda

Hoje, caminhando pela rua, como todo bom e velho vagabundo, ora sentava, ora andava. Sem muito o que fazer, observando um bando de fanáticos por futebol assistindo jogos de países que provavelmente eles nem sabe onde se localizam no globo terrestre, rindo e se divertindo com imagens de pessoas que provavelmente estavam se matando por uma profissão no mínimo esdrúxula de jogador de futebol. Não, não estou desmerecendo essa profissão, mas que é curioso jogar futebol como trabalho, é. Bom, talvez por isso eu seja um vagabundo, e não entenda de trabalho, apesar da minha vagabundice ter a ver com meu "eu" intelectual, e não com uma enorme falta do que fazer.

Em fim, estamos em ano de copa. A diversão está garantida para nós, os macacos, como dizia o texto abaixo. Estaremos cada vez mais virados com jogos dos quais seremos somente espectadores, e como se pudéssemos influenciar os resultados de alguma forma, não perderemos nem um jogo. Ai ai, como é bom ser um ser bitolado, não é verdade? Não! Não é. Ainda na rua, observando a paisagem infanto-grotesca de jovens velhos amantes de cerveja e de marmanjos correndo atrás de uma bola, me deparei com uma cena que me deixou estarrecido.

Tenho um pedido as mulheres: antes de criticarem essa postagem em meu sítio, observem bem o que vos relato. A cena foi a seguinte... estava eu observando as peraltices de meus observados quando, sem pedir permissão alguma, um par de seios cruzou a minha frente. Sim, pasmem, um par de seios.

Muitos podem pensar que sou um pervertido, um tarado, mas não, meus caros e anônimos 253 leitores. A beleza daquele momento e a espontaniedade da forma que ocorreu não me permitiram sequer lembrar dos instintos animalescos de macaco, cachorro, homem vira-lata que sou. Eram dois seios.

Fazendo uma análise matemática, não eram volumosos o suficiente para chamar a atenção dos vidrados espectadores do futebol. Fazendo uma análise física, eram dois corpos em movimento, tomando como referencial meus pequenos e confusos olhos. Fazendo uma análise biológica, eram seres vivos num ecossistema perfeito localizado no colo de uma mulher. Alias, que me perdoe essa mulher, pois ela não participou do ato dessa peça Freudiana, psicologicamente falando.

O fato é que eles tinham vida própria, vontade própria. Eram dois muleques saltitantes, alegres, como se quisessem brincar ao ar livre, apesar de duras amarras que os prendiam em panos semi-transparentes que, ao mesmo tempo que os escondiam de mim, me mostravam a eles. Sim, os dois pareciam saber que eu os observava, o que me deixava ainda mais atônito e sem reação. Que incrível a vida que eles tinham, apesar de sua hospedeira nem imaginar que eles a qualquer momento poderiam decidir as ações que eles mesmos deveriam realizar. Algo que chegou a me assustar.

Continuei caminhando, pensando, e lembrando dessa cena de um longa metragem de apenas 5 segundos. Eu imaginava como poderia ter presenciado tal cena, que eu ao menos tinha imaginado, seja em pensamentos eróticos, seja em pensamentos românticos, seja em pensamentos vagabundos. Fiquei pasmo.

Eu estava triste nesse dia. Pensava em um amor perdido que eu não tinha perdido, em um sonho desfeito que não tinha acabado, em uma vida planejada que foi cancelada, em uma mutidão de pessoas juntas que se sentem sozinhas, em uma folha da árvore que a ajuda a respirar e que simplesmente seca e cai. Mas após aquela cena, eu fiquei mais tranquilo. Sim, isso me deixou um tanto menos pensativo, e não foi pensamento do tipo: "existem outras mulheres no mundo" que me fez me sentir bem e sim o pensamento de que a vida está presente em situações onde nós menos esperamos. Só que o mundo, a sociedade, os problemas, as paixões nos cegam de tal forma que perdemos um pouco da capacidade de percepção das pequenas ações que o mundo realiza, e que podem desencadear profundas transformações nas nossas formas de pensar e agir, bem como na reação em cadeia que sempre existe após uma transformação. Que loucura é isso.

Observe a vida a sua volta, mas não fique procurando nada. Por experiência própria de observador, quando mais você procura, quando mais você tem vontade de observar algo, menos você consegue perceber. Verdade! Você deve apenas se atentar a coisas que considera bobas, sem sentido, ou que não passariam de meros acontecimentos normais do dia a dia. Ou não, não perca seu tempo com profanações de sua mente ocupada. Seja você, e viva sua vida. E pense, se as pequenas coisas geralmente são as mais perfeitas, e se Deus (mesmo que você não acredite nEle) é considerado o ideal de perfeição, então Deus está nas pequenas coisas.

Um forte abraço!
Até a próxima!

segunda-feira, junho 05, 2006

De volta ao planeta dos Vagabundos!

"Há bilhões de galáxias no nosso universo, e cada uma delas contém centenas de bilhões de estrelas. Em uma dessas galáxias, orbitando uma dessas estrelas, há um pequeno planeta azul, governado por um bando de macacos, que não pensam em si mesmos como macacos e nem sequer como animais que são. Realmente, eles adoram listar todas as coisas que eles pensam separá-los dos animais, como os polegares opositores, a conciência própria, utilizando palavras como Homo Erectus e Australopithecus.

Não importa, eles são animais, eles são macacos. Macacos com tecnologia de fibra ótica digital de alta velocidade, mas ainda sim... macacos. Eles são muito espertos, isso tenho que concordar (vide pirâmides do Egito, arranha-céus, jatos supersônicos, a grande muralha da China - tudo muito impressionante para um bando de macacos). Macacos cujos cérebros evoluiram para um tamanho tão ingovernável, de forma que o 'bastante' não os satisfaz ou os torna felizes por muito tempo. Na verdade, eles são os únicos animais que pensam que deveriam ser felizes ao invés de pensarem como os demais, que simplesmente são.

Mas não é tão simples assim para esses macacos, pois eles são amaldiçoados com a conciência. Sendo assim, eles tem medo, se preocupam, alias, se preocupam com TUDO. Mas acima de tudo com o que os outros macacos pensam, porque eles querem desesperadamente se enquadrar à sociedade dos macacos, o que é bem difícil porque a maior parte dos macacos se odeiam. Isso é o que os realmente separa dos outros animais... o ÓDIO entre eles. Eles odeiam macacos diferentes, de lugares diferentes, de cores diferentes.

Sabe, os macacos se sentem sozinhos, todos os seis bilhões deles. Alguns macacos pagam outros macacos para ouvir seus problemas; eles querem respostas. Os macacos sabem que vão morrer, então criam deuses (ou eles realmente já existem) e os adoram. Mas eles teimam em discutir qual deus é o melhor, ao invés de perceberem que somente há um Deus.

Os macacos ficam irritados e é quando geralmente eles decidem que é uma boa hora para começar a se matar. Então os macacos fazem o que chamamos de guerra. Os macacos fazem bombas de hidrogênio, eles tem o planeta inteiro preparado para explodir. Eles não sabem o que fazem!

Alguns macacos tocam para uma multidão vendida de outros macacos, fazem troféus e então os dão para si mesmos como se isso significasse algo. Alguns macacos acham que sabem de tudo, alguns lêem Nietzsche. Os macacos discutem Nietzsche sem dar qualquer consideram ao fato de que Nietzsche era só outro macaco.

Os macacos fazem planos futuros, se apaixonam, fazem sexo, então fazem novos macacos. Eles fazem música e então dançam. Dancem macacos, dancem!! Os macacos fazem muito barulho.

Eles têm tanto potencial que se pelo menos se dedicassem... Os macacos raspam seus pêlos, do próprio corpo, numa ostensiva negação de sua verdadeira natureza de macaco. Eles constroem gigantes colméias de macacos que dão o nome de "cidades". Eles desenham um monte de linhas imaginárias sobre a Terra; eles estão ficando sem petróleo, o alimento de sua precária civilização, estão poluindo e saqueando seu planeta como se não houvesse amanhã... na verdade não há.

Os macacos adoram fingir que está tudo bem e alguns chegam realmente a acreditar que o universo inteiro foi feito para seu próprio benefício. Como são atrapalhados esses macacos, não acha? São as criaturas mais feias e mais belas, ao mesmo tempo, desse planeta azul. E eles não querem ser macacos, mas sim outra coisa. Mas não são!"

Ouvi essa loucura audiografada em Inglês no site http://www.ernestcline.com/ , de onde conferi no menu Spoken World. Realmente muito boa. Essa é minha versão da qual traduzi e modifiquei ao meu bel prazer, acrescentando algumas ideias minhas.

Novamente, não se considere um macaco. Se bem que, assim, você estará sendo um macaco. Ou não? Pense em como viver num mundo melhor, com menos macaquice. E seja menos vagabundo. Eu não, serei eternamente esse macaco, nobre, mas vagabundo.

Até a próxima!

quarta-feira, maio 31, 2006

Rosas não choram

Pensando em velhos momentos, em coisas que não vão voltar, e olhando para uma obra de arte, sem mesmo saber o nome, pensei: Que curioso, uma rosa chorando. Imediatamente após esse pensamento, um gênero musical que não aprecio tanto, começou a soar do rádio com palavras que condiziam com o momento e com a observação da arte:

"Choram as rosas.
Seu perfume, agora se transforma em lágrimas.
Eu me sinto tão perdido,
Choram as rosas.
Chora minha alma como pássaro de asas machucadas.
Nos meus sonhos, te procuro,
Chora minha alma.

Lágrimas que invadem meu coração.
Lágrimas palavras da alma,
Lágrimas: a pura linguagem do amor.

Choram as rosas,
Porque não quero estar aqui.
Sem seu perfume,
Porque já sei que te perdi.
E entre outras coisas,
Eu choro por ti.

Falta seu cheiro,
Que eu sentia quando você me abraçava.
Sem teu corpo, sem teu beijo,
Tudo é sem graça.

Lágrimas que invadem meu coração.
Lágrimas palavras da alma,
Lágrimas: a pura linguagem do amor.

Choram as rosas,
Porque não quer estar aqui.
Sem seu perfume,
Porque já sei que te perdi.
E entre outras coisas,
Eu choro por ti."

Descobri então na internet que o nome dessa obra era "O choro da rosa". Como isso é engraçado, acontecer imeditamente um fato após o outro. Já aconteceu isso com você? Fatos que combinam exatamente, que dão sequência como um filme, bem montado, todo ordenado... sem falhas de sequência. Não? Então preste mais atenção no mundo a sua volta, meu rapaz, minha senhora. O mundo é feito de sequência de fatos, um intimamente ligado ao outro, somente ocorrendo pela existência do anterior.

Quem acredita em coincidência são os incrédulos da vida, aqueles tão pouco românticos que mal sabem diferenciar um gesto de amor de um gesto de conquista. São os conquistadores baratos que existem nesse mundo machista e feminista. Credo, nem posso pensar nisso que me dá nojo de pensar que sou tão machista como feminista.

Mas, voltando a rosa... Cartola uma vez descreveu o choro e a rosa:

"Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim


Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
por fim"

Melancólico Cartola, romântico ao extremo. Mas, que lindos versos. Algo curioso me chama a atenção, se as rosas não falam e exalam o perfume que roubam da pessoa amada, e na primeira música, o perfume das rosas se transforma em lágrimas, então o perfume da pessoa amada que não se tem mais são as gotas de lágrima daquele que ama?

Você se perfumaria com a tristeza de quem te ama, mas que você não quer mais?

E você que ama, pare de sofrer imeditamente, você não vai ter nunca mais a pessoa amada, esqueça. Você, cheio de tristeza e humilhação, não é mais aquela pessoa forte que era amada pelo seu par perfeito. E assim, sua alma gêmea já não tem interesse algum em você, pois você já não é mais aquele símbolo de força.

Não, não fique triste ou melancólico como Cartola ou como a dupla sertaneja expressando a dor de cotovelo do povo brasileiro. Não... vá viver a vida, seja feliz... não pense em encontrar alguém, em querer estar ao lado de alguém... esqueça relacionamentos.... isso não te pertece mais.

Estou sendo seu amigo.... ou seu pior inimigo, não sei. Só sei o seguinte, se Deus é por nós, ninguém poderá contra nós. Pense nisso, isso é meu real conselho. O resto, é devanio da minha nobre vagabundice.

Um forte abraço!
Até a próxima!