Twitter do Nobre Vagabundo
Siga-me no Twitter

terça-feira, março 02, 2010

Loucura de um coração vagabundo

No começo, era uma grande alegria, jamais pensei que fosse me viciar. Afinal, eu já havia me livrado uma vez, não seria agora que isso iria me prejudicar. Com a euforia da descoberta, doses exageradas tomavam meu dia. Nada podia me impedir de sentir tudo aquilo que eu queria sentir... novamente. Era como se eu pudesse reviver aquilo que já estava morto e presenciar aquilo que ainda nem embrionário era.

Foi parecido e diferente. Isso me encantou e me fez pensar que eu seria feliz novamente; ser feliz é algo que eu queria. E comecei a largar o caminho que a duras penas eu estava contruindo, e vivendo de sonhar, sonhando que iria viver tudo aquilo novamente. Eu estava já viciado; não queria admitir, até brincava dizendo isso. Mal sabia eu que não há controle em termos de sentimentos, ainda mais dos mais inebriantes.

Loucura total: com a rapidez da vontade, fui tomado pela insanidade e o que era tão proibido virou fruto delicioso a ser saboreado. Era como se o impossível passasse a improvável. Já não tinha domínio da razão; não pelo menos durante os momentos prazerosos. Porém, era ela mesma que me castigava nos momentos de sobriedade e que me martirizava através da culpa e muitas vezes, do medo de sofrer.

Pensei inúmeras vezes em parar, entretanto não conseguia nem me esforçar. Mesmo quando estava decidido, na hora H não tinha forças para recusar ou me afastar. Estava tomado pela insanidade do vicio; era uma necessidade incontrolável e que eu gostava de sentir. Seja na madrugada, seja durante o dia, seja ao entardecer; não havia hora nem lugar para minha dose e nem mesmo os conhecidos me intimidavam. Já estava tão fora do meu juizo que eu queria era sentir aquilo, sem porquês e sem pudor; ninguém tem nada a ver com minha vida.

Não vou mentir dizendo que era ruim; era a melhor sensação que já sentira. Quer dizer, eu já havia sentido antes algo muito parecido e muitas vezes essa confusão do que era presente e do que era passado me fazia gostar mais. Mas era essa mesma confusão que também surgia nos momentos de lucidez e causava o medo incontrolável: era a abstinência.

Meu corpo precisava daquele sentimento como de comida. Era o alimento da minha adrenalina e eu, como zeloso criador de um rebanho de emoções, via apenas como saída alimentar cada vez mais as minhas. Cheguei, claro, a me preocupar com a causa do meu vicio, será que eu merecia algo tão bom, tão maravilhoso, lindo e saboroso? Perfeição de encaixe no meu ser, era tudo o que sempre sonhei, e nunca esperei. Sabia que não ia acabar bem, mas me diga como parar diante de tamanha necessidade.

O gozo era inevitável assim como a dor da ausência. Alegria e euforia sempre alternavam seus lugares cativos com o medo, a culpa, a preocupação responsável e a preocupação com o julgamento de terceiros. Não sei viver, realmente. Meti os pés pelas mãos e tentando não me perder, fiquei sem saber onde estava. Tentando não me enlouquecer, acabei insano. E, finalmente, tentando não pensar, acabei preso na minha própria mente, sem ter como sair.

Estava começando a sofrer, não sabia como admitir isso, pois não queria ficar sem aquilo que me mantinha vivo, ou pelo menos me fazia sentir assim. Comecei a notar que o que nos envelhece é o próprio oxigênio que nos mantem vivos; como poderia viver sem ar? Ainda não encontrei resposta.

1 Comente:

At quinta-feira, abril 29, 2010 11:13:00 AM, Anonymous Anônimo disse...

Seus posts são muito envolventes e despertama vontade de ir cada vez mais fundo na leitura. Parabéns

 

Postar um comentário

<< Home