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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Paixão

Durante essa noite, estive pensando sobre um sentimento já dissertado por mim, mas que ainda me atormenta; aliás, incomoda (de uma maneira não dolorosa, e ao mesmo tempo dolorosa) chamado amor. Amor é a excência mais pura, o verbo amar transformado em um substantivo, a definição de uma forte e grande gama de sentimentos unidos e sentidos ao mesmo tempo. Diferente de paixão, que na definição envolve sofrimento, mas que queima de forma maravilhosa no peito e que nos motiva a buscar o amor. Não confunda, e as vezes, o amor também envolve paixões.

É interessante que não se deixe nunca de se apaixonar. Isso é algo que todos deveriam sempre lembrar, porém é tão esquecido a cada momento de nossa vida. As sensações que envolve essa explosão de sentimentos, e algumas decepções podem ser incluídas nisso, são talvez a mola-mestra de toda nosso corpo, que impulsiona nossa vida, nossa alma e, principalmente, nosso coração.

O poeta Vinícius de Moraes considera o amor como o fogo, porém minha ousadia me faz alterar o soneto de fidelidade, ao dizer que a paixão "não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinita enquanto dure." O amor não morre, ele é eterno, por uma simples questão lógica. Acredite você ou não, se uma das definições de Deus é que Ele seja amor, e outra é que Deus é eterno, temos que o amor é eterno. A paixão, entretanto, não é eterna e passa a ser inconstante e bem mais complexa, necessitando de ser alimentada constantemente, para se manter viva.

A paixão, segundo uma outra web-escritora, Joanna de Assis é "o fogo que queima sem doer, mas que se apaga com o mais leve assopro". Ainda sim, faço mais palavras delas como minhas: "Eu já me apaixonei e já amei e, na maioria das vezes, tudo começou com aquela sensação de borboletas no estômago. Aí as coisas evoluem, e quando você vê, já está vivendo aquelo namoro tranquilo, com sabor de fruta mordida. Já tive amores apaixonados, já sofri, já chorei. Já amei mais do que a mim mesma. E foi aí que eu aprendi."

Algo que também me veio a mente é a possibilidade de uma paixão não requerer motivo ou alvo. Ser apaixonado pode ser um estado de espírito, como alegria, tristeza, estressado, relaxado, ou envolver todos e/ou mais alguns. Talvez exista a chance de viver apaixonado pela vida. Ou seria essa uma tentativa de ser feliz ou de não deixar o seu "eu" mais intímo admitir que você está com as "quatro patas arriadas" ou ainda "com as orelhas levantadas e a linguinha de fora" por alguém?

Sim, o cachorro é um exemplo clássico de paixão extrema e contínua, motivada por gestos tão pequenos e as vezes tão raros como carinho e atenção. Porém, ele sempre fiel, continua com uma felicidade absurda ao ver seu dono entrar pelo portão, deita a seus pés tentando alimentar o fogo que o sustenta. Ah, que bom seria termos uma vida de cão! Seríamos tão felizes e não nos importaríamos com nada.

Todavia, melhor mesmo é ser humano, ou ser um ser humano, como queiram. Podemos desenvolver paixões concientemente, mesmo não conseguindo evitá-las. E assim, quem sabe, descobrir novos amores, de diversas intensidades e sabores?

Um certo jovem havia perdido a vontade de se apaixonar, até que pequenos gestos o fizeram perceber que ele não possui controle sobre isso, a não ser que seu coração se congele. Coração foi feito para bater, e coração congelado não é coração. É pedra! Sorte que, em tempo, ele pode perceber isso. Creio que não mais fará a asneira de tentar domar seu aparelho cardio-psicológico e que deverá liberá-lo para pulsar cada vez mais forte. Não importa se por alguém, ou por ninguém, bom mesmo é sentir a paixão. E se você se apaixona por alguém, e ele não corresponde, francamente, não deixe isso abalar seu sentimento, apenas continue sentindo... claro que tente transferir não para a pessoa, mas para o sentimento. Ame ser apaixonado e se apaixone por amar. Aí sim, com fidelidade ao sentimento, a sensação de felicidade vem mais forte.

Quanto a mim, estou apaixonado.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Falas da Vida

Certa noite, estava pensando sobre o turbilhão de sentimentos que nos assolam as vezes, e que sem explicação, somem e ainda nos remete a passados que lembramos somente quando estamos sozinhos. Eis que ouço uma música:

"Foi nos bailes da vida ou num bar
Em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim

Cantar era buscar o caminho
Que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe, tudo tão bom
Pé a estrada de terra na boléia de um caminhão
Era assim

Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se foi assim, assim será
Cantando me desfaço e não me canso
De viver, nem de cantar"

Milton Nascimento fala sobre os seus instrumentos maiores, o canto e a composição, e a relação com o tempo e sua dimensão. A vida é sempre assim, a força do ínicio sempre existe para impulsão, que nos leva muitas vezes por um bom tempo. E para fazer o que se gosta, ou com quem se gosta, não há problema no mundo, não há distância, não há dificuldade que não possa ser superada.

E, por fazer o que se gosta, ou por quem se gosta, não nos cansamos de viver, nem de lutar. E o fluxo vital continua levando para envolvimentos sempre cada vez maiores.

Tenho notado que meus textos estão sempre se referenciando em letras de música e que, alias, já se tornaram parte dos meus devaneios. Não sei o motivo, e nem pensei nisso anteriormente, apenas começou a acontecer, talvez pela facilidade de relacionar assuntos, talvez pela completa falta do que fazer. Sei lá. Creio que a música é uma grande forma de conduzir as idéias, e elas nos levam exatamente onde o povo está, e é lá que o artista tem de ir. Isso acaba de me recordar outra música, dessa vez, gravada por Chitãozinho & Xororó:

"O grande Mestre do céu, nosso Criador
Quando nascemos um dom nos dá
E cada um segue a vida,o seu destino
E nós nascemos só pra cantar.

Iê iê ih ih ih ih iê, iê iê iê iê.
Iê iê ih ih ih ih iê, iê iê iê iê.

Quem canta os males espanta a gente é feliz
Tal qual um pássaro livre no ar
Pensando bem nós temos algo em comum
Porque nascemos só pra cantar.

Disse o poeta: O artista vai onde o povo está
Por isso cantamos, a qualquer hora, em qualquer
lugar."

O poeta citado seria o Milton Nascimento em sua música anterior ou teria ele também referenciado alguém? De qualquer forma, devemos sempre ter liberdade real na vida, livre de nossas próprias amarras, conceitos e 'pré-conceitos', pois cada um segue a vida e o seu destino, nascendo ou não para cantar.

E outra figura já carimbada de meus textos aparece: Deus! Sim, ele é o grande Mestre do Céu, o nosso criador, aquele que nos dá dons e apenas nos pede que os desenvolvamos. Dom é um bem preciso, que ninguém pode tirar; um presente com nome gravado. Vida é um dom, assim dentre tantos, e não podemos brincar com a nossa. Devemos sempre refletir que "existem pessoas que esperam apenas, existem aqueles que esperam e agem", e aqueles que nem esperam (ou fingem). Ouvi isso de uma pessoa que respeito muito, pois a afirmação foi referente a comodismo que assumimos a maioria das vezes que esperamos, e esquecemos de que nossos dons são para serem evoluídos e utilizados, e não agimos.

Pare para respirar: será que você está acomodado? Os braços cruzados são de quem não liga se algo não acontecer, ou de quem não quer se esforçar para que aconteça? Ou seria ainda medo de arriscar, de não se envolver ou decepcionar com que se espera que aconteça?

A vida passa meu jovem, e o entusiasmo inicial, caso tenha sido perdido, deve ser revigorado ou até imitado; o que não se pode é ficar realmente parado. Tenho medo e braços cruzados, sabe. Mas tenho pensado em botar em prática, em arriscar. Por isso, a partir de agora, eu canto a qualquer hora e qualquer lugar.

Um boa semana!

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Beija-flores Vagabundos

Ouvindo a música de Vital Farias, interpretada por Fábio Júnior em sua gravação audiografada, fiquei pensando na poesia dessa letra, e como ela é interessante.

"Não se admire se um dia
Um beija flor invadir
A porta da sua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê

Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Lhe mando um monte de beijos
Ai que saudade sem fim

E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Ocê caia no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê."

Passei então a observar os beija-flores, esses animais tão simpáticos e tão pouco romântico, que ficam de flor em flor, na sua indecisa vida de beijos, como um garoto dessa nossa contemporânea época, utilizando de sua liberdade para não criar vínculos a nenhuma flor. O mais engraçado é que, tanto o beija-flor quanto o garoto moderno, tendem em algum momento a ficar perto de alguma fonte de beijos fixa, seja ela uma flor, seja ela uma bela mulher.

Mas, assim como o beija-flor, os garotos se enganam facilmente. Pois, quando menos esperam, estão tão envolvidos que não podem mais, por motivos de encantamento, se libertar para outras flores. Até tentam, em vão, porém, aquela magia os aprisiona de tal forma que, espera-se que a flor esteja sempre naquele jardim, a sua espera, para colher o seu beijo, assim como ele beija o seu mel.

"Assim que o beija flor
Beijou a rosa
A rosa desabrochou
E sorriu para o beija flor
Beija flor bestificado declarou o seu amor....
seu amor, seu amor, seu amor
A Rosa chorou, por que não tinha asas como um beija flor
O Beija flor, à abraçou
E disse não chores minha flor,
Porquê Porquê.... não precisa ter asas pra se apaixonar
Agora que eu te encontrei é do seu lado que vou ficar
Oh beija flor, só me resta morrer porquê eu te amo e eu não
Posso ficar sem você
Oh minha rosa, tente entender também te amo por isso
Não vou deixar você
Oh beija flor, não se prenda a mim pois tens o mundo inteiro
Para voar e descobrir.. descobrir!
Oh minha rosa você não entendeu, eu naum vou partir
Porquê meu coração é seu
Eu Não vou voar não há nada a descobrir
eu encontrei o amor
Quero morrer, junto a ti junto a ti junto a ti
Não precisa ter asas pra se apaixonar"

E assim, bestificados pelo sentimento mais puro que existe, 'beija' e flor, flor e 'beija' vivem um para esperar o outro. Contam os segundos para se dedicarem um ao outro. Claro que as vezes o gosto dela está meio amargo, ou ele a beija com o pensamento distante. E se desentendem. Mas logo juntos estão novamente e não há nada que os separe.

Engano tolo, eis que um dia o nobre pássaro, ao chegar ao jardim, não encontra mais a "sua" flor. O que será que teria acontecido? Na mente dele, ela nunca sairia dali, seria impossível (na verdade era improvável). As vezes, o improvável acontece, e sempre, pela lei de nosso grande e nobre vagabundo Murph, quando o beija-flor bate suas asas mais intensamente de felicidade e sorri incontrolavelmente. A flor não está mais ali, naquele jardim.

Ele então passa a procurá-la como se a vida dele dependesse disso, como se fosse sua água, seu ar, seu alimento (e não é?). Voa desatinado, desesperado, desconcentrado. Voa. Até que ele a encontra num vaso, linda como se nada tivesse acontecido. Ela não é mais dele, pois ele encontra outro beija-flor a beijando. Que sofrimento! Que dor! Se existe alguma dor psicológica maior que a dor da traição, não me digam e nem me mostrem. Prefiro a ignorância.

Em seu ninho, a dor toma conta de todo o corpo; suas asas, seus pés, sua cabeça e principalmente seu coração doem como tivesse sido violentados numa surra "de criar bicho". Apesar de tudo e todos (que protestam), ele volta até onde estava a flor. Eles se beijam e novamente ele vive intensamente cada momento. Na volta para casa, porém, ele sabe que algo vai acontecer e que eles jamais vão se ver.

Ele é um pássaro; ela é uma flor. Não há natureza que exista que permita a realização desse sonho. Ela até tenta bater suas pétalas; ele até se perfuma; em vão. Ela não está mais no vaso, ou no jardim. Ele, fraco como um beija-flor, por medo (não se sabe de que, apenas não se assume), nem retorna e nem procura saber o que aconteceu com ela. Apenas rega, esporadicamente, os botões que ela deixou no jardim, mesmo eles não sendo obviamente filhotes dele. Esses botões são uma grande e boa lembrança de bons momentos, são um amor de que não se espera nada em troca, apenas o sentimento existe. Diferente do sentimento pela flor, que exigia retorno do mesmo.

E mesmo embora existam tantas flores, mesmo ele negue sempre, ele sempre pensará e se lembrará daquela flor. Até se envolve, se apaixona, mas sonhar... ah, sonhos de um beija-flor.