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terça-feira, agosto 07, 2007

O tempo não cura tudo

Quem não conhece o Taj Mahal? O tão famoso palácio-monumento, construído pelo amor de um homem como homenagem a sua amada, é diariamente visitado por românticos casais que buscando a construção, fortificação ou renovação do sentimento mais puro e mais desejado pelo ser humano: o amor.

Ah, o amor! Que sentimento mais covarde e enganador, mais gostoso e dolorido, maravilhoso, divino e terrivelmente delicioso de ser sentido. Quem nunca amou, não atire a primeira pedra (por que isso não é prova de amor), apenas ame.

Percebam que o amor está na nossa essência humana desde que nascemos, e se não surge ou não se multiplica é pura incompetência de nossa educação paternal, nossa social-capitalista ou capital-socialista sociedade, ou ainda, sem buscar culpados, nossa mesmo. Fomos feitos de amor. A alma, que é o que move nosso intrépido corpo, é simplesmente composta de sentimentos, coisas tão abstratas como os átomos de um copo d'água.

Mas vocês devem estar se perguntando: "senhor Vagabundo, o que isso tem a ver com o texto (devaneio ou post, como queiram) de hoje?". Seria interessante explicar então o real motivo desse discurso insensato. Estou escrevendo sobre tal vil sentimento por uma causa completamente egoísta: eu estou doente. Sim, doença incurável, que me traz tanta alegria e tanta dor simultaneamente, doença impiedosa e piedosa, doença de bipolaridade extrema, que me deixa completamente feliz e me deprime. O nome dela? Amor.

Antes de casar sara, o tempo vai curar essa ferida, o vento leva. Pois bem, diferente do filme, o "vento não levou". Amor por amor, é um sentimento extremamente bom, pois envolve caridade, bondade, fidelidade, honestidade, consciência. Mas amor por amar, nos leva a velha máxima de que o povo tem razão: "o buraco é mais embaixo". Não estou falando de nada psedo-sexual não, estou falando de que na prática, a teoria é apenas uma organização prévia totalmente suscetível de mudanças. Todas as regras tem exceções, e todas as exceções existem somente por causa de uma regra. Não há remédio, não há cura, apenas podemos criar ou ocupar nossas mentes seja com tarefas, com outras paixões, com outras situações para abafar o sentimento.

Certa vez me disseram: cuidado para não congelar seu coração. Olha, foi um dos melhores conselhos que já recebi e não segui. Quando você tenta abafar um sentimento, seu coração fica completamente frio, pois não há como solidificar parte do coração, sem imobilizá-lo por completo. Tente fazer isso com um kilo de músculo, desses que você compra em um supermercado ou açougue qualquer. Você pode até, através de muita criatividade e esforço inútil, conseguir tão proeza, mas pode ter certeza, o pedaço de carne nunca será o mesmo. Assim funciona o músculo do sentimento, que denominamos abstratamente de coração, ele pulsa como o nosso coração físico e até interfere no batimento do mesmo. Mas como um músculo que é, você não consegue fazer com que ele continue pulsando com parte imobilizada. Não mesmo. Crianças, não tentem fazer isso em casa.

Como todo sentimento, (e o amor não é um sentimento, e sim um conjunto de sentimentos e sensações que envolvem nosso corpo) os que envolvem minha doença não passam de reações químicas realizadas no interior de minha carne ("que um dia a 'terra' há de comer"). E, como toda reação química dentro do nosso corpo, me trazem diversos tipos de sensações. Como uma droga, essas sensações variam entre boas e ruins, e não tenho controle sobre elas, não ainda (procura-se um guru indiano tântrico - que não tem necessariamente a ver com o sexo). O problema de toda droga é o seu efeito poder transformar o seu usuário dependente do mesmo e, quando passa, causa imenso estrago, tanto físico, como psicológico e/ou emocional. Pense num dia de calor intenso, e alguém te serve uma Coca-Cola estúpidamente gelada. Ela desce queimando a alma, mas após ultrapassar o caminho da sensação acima dita, te dá um alivio refrescante. Pense num dia inteiro calçado com um sapato apertado e, ao chegar em casa para descansar, o sentimento de alivio ao tirar. Muito bom, não é? Assim é essa droga. Ele nos enxe de substâncias químicas que nos apertam, nos queimam, nos sufocam, e quando "matamos" a saudade, quando ficamos felizes por algum gesto, esse aperto/queimação/sufoco passa e assim, temos a mesma sensação das comparações acima.

Mas veja bem, se a excência humana, a alma é constituida de amor, e esse pode nos causar vício, então estamos realmente perdidos. Perdidos de amor. Como se livrar de algo que te faz viver? É como tentássemos nos livrar do oxigênio da atmosfera, que nós fazer viver e envelhece nossas células. Não há como viver sem oxigênio, e não há como se manter vivo usando oxigênio. É um veneno necessário. Assim é o amor. Um veneno necessário.

Pois bem, o amor não tem que necessariamente ser visto como esse mal enorme que estou pintando, como um quadro de Picasso, que me dói os olhos de ver, pois de tão feio e estranho, chega a ser fascinante e belo. A paixão (que, em seu significado, envolve sofrimento), o respirar profundo, o suor das mãos, a taquicardia que causa, tudo isso é algo tão maravilhoso de se sentir, é tão bom e tão gostoso, que faz valer a pena, faz nos ter coragem de arriscar.

Arrisque-se, seja ousado... corra o risco, não fuja do amor. Faça valer a pena. Nunca freie o que você sente, pois, posso te dizer, essa doença pode me matar, mas morro feliz por amar.

Um forte abraço desse nem um pouco, mas um certo tanto romântico, porém completamente, Vagabundo.