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domingo, agosto 12, 2007

Who's here? Auto-retrato escrito

Para o deleite de meus caros amigos leitores nem tão assíduos, e nem, ainda bem, tão "dezelosos", falarei um pouco sobre mim. Não, antes que me perguntem, não sou esse da imagem ao lado, nem tão barbudo, nem tão desleixado, mas um tanto quanto Vagabundo.

É engraçado que a primeira imagem que vem à nossa mente quando pensamos em vagabundagem é de um morador de rua. Falei alguma inverdade? (Me corrijam, por favor) Algo como alguém que simplesmente não quer se cuidar, não quer se ocupar, não quer se pré-ocupar, ou até mesmo se preocupar. Mas, será que por ser morador de rua, o ser optou por isso? Ou seja, se a resposta à pergunta anterior for não ou talvez não, então essa não é a definição correta para Vagabundo, classe de tão pouca estirpe, a qual nobremente pertenço.

Então Vagabundo é aquele que opta por ser livre de obrigações e deveres, aquele que não se importa com o que vão pensar ou o que vão dizer dele. Bem, não é o meu caso. Minha nobreza vem do meu zelo pelas obrigações, conflitantemente concatenado à definição de vagabundo.

Sou apenas um rapaz, latino-americano, sem dinheiro no banco, já diria nosso velho amigo dono de um fuscão preto. Sou um ser pensante, um ser vivente, um ser observador, um ser aconselhador, um ser chato. Sou apenas um alguém sem ninguém, ou um zé ninguém a procura de alguém ou "alguéns". Sou um louco consciente ou mesmo um inconsequente realista. Vivo de amor profundo, não de paixões, como diria um grande amigo meu. E sou fiel ao sentimentos, o máximo que posso ou que consigo. As vezes, tento não tentar ser ou deixar de ser, mas acabo sendo. Sou o incompreendido mais compreendido, e procuro mais compreender do que me importar com isso.

Amo a vida, a natureza, mas as vezes esqueço que elas existem. Sou um metido a escritor que em todos os textos recebe correções, e se envergonha de ser tão ignorante, mas ao mesmo tempo se orgulha com cada produto ou serviço criado ou realizado. Sou um brincalhão de idéias loucas, sério ao extremo mas completamente alegre. Triste também, mas somente quando sou bobo. Alguns dizem que sou bobo o tempo inteiro, outros dizem que temem porque sou sério demais.

Talvez seja por isso a indeterminação da minha idade: tenho para muitos vinte e poucos anos, como a música de certo filho de Fábio, de mesmo nome do pai (aliás, tão cantado) diz, para outros tantos cheguei a crise dos 40. Nem eu mesmo sei, parei de contar o tempo, ele estava me escravizando. Sou perecível a ele, por isso, prefiro viver por um segundo apenas. Sou um frustrado por não fazer coisas que queria, sou também um realizado por fazer bem feito o que fiz. Passado, presente e futuro misturados numa deliciosa máquina de lavar chamada tempo. Sou da minha era, a Era Neozóica, um viajante temporal. Almoço com Platão, tomo café com Sócrates, bato um papo com o Barão de Itararé, ouço Juca Chaves.

Amo ler, sou louco por livros que buscam nos questionar e encontrar respostas. Mas sempre arrumo uma desculpa para evitá-los, pois livros são manuais de liberdade muito perigosos e tenho medo da liberdade de pensamento, e por isso, ela me aprisiona em minha própria débil mente. Debilmente pensado, eu diria, e vocês provavelmente concordam.

Fujo de mim mesmo, tentando me esconder dos outros, e dizendo que não me importo com eles. Sou hipocrita demais, realista e sonhador ao mesmo tempo, idealista, rebelde sem causa. Tenho a vida doida e encabeço o mundo, como se ele fosse meu. Mas, espere, cada um tem uma visão própria do mundo, então, o mundo é realmente meu.

Não ligue para o que penso, ou o que falo. Ou ligue. O importante é que cada um saiba o que realmente é. Quanto a falta de pistas sobre minha identidade, meu nome, é explicável. Sou inexistente, porém estou dentro de cada um e incomodo. Se você tentar me ouvir dentro de você, você verá como é doloroso. E por isso, perdoa meu amor, essa Nobre Vagabundo!

Um forte abraço! Fiquem com Deus!

terça-feira, agosto 07, 2007

O tempo não cura tudo

Quem não conhece o Taj Mahal? O tão famoso palácio-monumento, construído pelo amor de um homem como homenagem a sua amada, é diariamente visitado por românticos casais que buscando a construção, fortificação ou renovação do sentimento mais puro e mais desejado pelo ser humano: o amor.

Ah, o amor! Que sentimento mais covarde e enganador, mais gostoso e dolorido, maravilhoso, divino e terrivelmente delicioso de ser sentido. Quem nunca amou, não atire a primeira pedra (por que isso não é prova de amor), apenas ame.

Percebam que o amor está na nossa essência humana desde que nascemos, e se não surge ou não se multiplica é pura incompetência de nossa educação paternal, nossa social-capitalista ou capital-socialista sociedade, ou ainda, sem buscar culpados, nossa mesmo. Fomos feitos de amor. A alma, que é o que move nosso intrépido corpo, é simplesmente composta de sentimentos, coisas tão abstratas como os átomos de um copo d'água.

Mas vocês devem estar se perguntando: "senhor Vagabundo, o que isso tem a ver com o texto (devaneio ou post, como queiram) de hoje?". Seria interessante explicar então o real motivo desse discurso insensato. Estou escrevendo sobre tal vil sentimento por uma causa completamente egoísta: eu estou doente. Sim, doença incurável, que me traz tanta alegria e tanta dor simultaneamente, doença impiedosa e piedosa, doença de bipolaridade extrema, que me deixa completamente feliz e me deprime. O nome dela? Amor.

Antes de casar sara, o tempo vai curar essa ferida, o vento leva. Pois bem, diferente do filme, o "vento não levou". Amor por amor, é um sentimento extremamente bom, pois envolve caridade, bondade, fidelidade, honestidade, consciência. Mas amor por amar, nos leva a velha máxima de que o povo tem razão: "o buraco é mais embaixo". Não estou falando de nada psedo-sexual não, estou falando de que na prática, a teoria é apenas uma organização prévia totalmente suscetível de mudanças. Todas as regras tem exceções, e todas as exceções existem somente por causa de uma regra. Não há remédio, não há cura, apenas podemos criar ou ocupar nossas mentes seja com tarefas, com outras paixões, com outras situações para abafar o sentimento.

Certa vez me disseram: cuidado para não congelar seu coração. Olha, foi um dos melhores conselhos que já recebi e não segui. Quando você tenta abafar um sentimento, seu coração fica completamente frio, pois não há como solidificar parte do coração, sem imobilizá-lo por completo. Tente fazer isso com um kilo de músculo, desses que você compra em um supermercado ou açougue qualquer. Você pode até, através de muita criatividade e esforço inútil, conseguir tão proeza, mas pode ter certeza, o pedaço de carne nunca será o mesmo. Assim funciona o músculo do sentimento, que denominamos abstratamente de coração, ele pulsa como o nosso coração físico e até interfere no batimento do mesmo. Mas como um músculo que é, você não consegue fazer com que ele continue pulsando com parte imobilizada. Não mesmo. Crianças, não tentem fazer isso em casa.

Como todo sentimento, (e o amor não é um sentimento, e sim um conjunto de sentimentos e sensações que envolvem nosso corpo) os que envolvem minha doença não passam de reações químicas realizadas no interior de minha carne ("que um dia a 'terra' há de comer"). E, como toda reação química dentro do nosso corpo, me trazem diversos tipos de sensações. Como uma droga, essas sensações variam entre boas e ruins, e não tenho controle sobre elas, não ainda (procura-se um guru indiano tântrico - que não tem necessariamente a ver com o sexo). O problema de toda droga é o seu efeito poder transformar o seu usuário dependente do mesmo e, quando passa, causa imenso estrago, tanto físico, como psicológico e/ou emocional. Pense num dia de calor intenso, e alguém te serve uma Coca-Cola estúpidamente gelada. Ela desce queimando a alma, mas após ultrapassar o caminho da sensação acima dita, te dá um alivio refrescante. Pense num dia inteiro calçado com um sapato apertado e, ao chegar em casa para descansar, o sentimento de alivio ao tirar. Muito bom, não é? Assim é essa droga. Ele nos enxe de substâncias químicas que nos apertam, nos queimam, nos sufocam, e quando "matamos" a saudade, quando ficamos felizes por algum gesto, esse aperto/queimação/sufoco passa e assim, temos a mesma sensação das comparações acima.

Mas veja bem, se a excência humana, a alma é constituida de amor, e esse pode nos causar vício, então estamos realmente perdidos. Perdidos de amor. Como se livrar de algo que te faz viver? É como tentássemos nos livrar do oxigênio da atmosfera, que nós fazer viver e envelhece nossas células. Não há como viver sem oxigênio, e não há como se manter vivo usando oxigênio. É um veneno necessário. Assim é o amor. Um veneno necessário.

Pois bem, o amor não tem que necessariamente ser visto como esse mal enorme que estou pintando, como um quadro de Picasso, que me dói os olhos de ver, pois de tão feio e estranho, chega a ser fascinante e belo. A paixão (que, em seu significado, envolve sofrimento), o respirar profundo, o suor das mãos, a taquicardia que causa, tudo isso é algo tão maravilhoso de se sentir, é tão bom e tão gostoso, que faz valer a pena, faz nos ter coragem de arriscar.

Arrisque-se, seja ousado... corra o risco, não fuja do amor. Faça valer a pena. Nunca freie o que você sente, pois, posso te dizer, essa doença pode me matar, mas morro feliz por amar.

Um forte abraço desse nem um pouco, mas um certo tanto romântico, porém completamente, Vagabundo.