Twitter do Nobre Vagabundo
Siga-me no Twitter

terça-feira, janeiro 12, 2010

Carta sem Destino

Começo essa carta dizendo que talvez você não tenha jamais lido nada igual. Ou talvez até tenha, pois não sou o único no mundo que já amou. Ou melhor, nunca leu, pois ninguém no mundo te ama ou amou mais do que eu.

Como sinto sua falta certamente jamais alguém sentiu; como vivo sofrendo tua ausência jamais ninguém viveu. Minha vida se transformou num perfeito vazio (se é que existe; e se existe não seria então imperfeito pela dor que causa?). Seria talvez ingênuo demais comparar esse sentimento com aquele que, quando criança, surgia no último dia das férias, ao arrumar a mala para voltar para a realidade? Ou tolo demais remeter ao sentimento de angústia ao, impotente, assistir a ida de alguém que se ama para os braços de Hades?

Exagero meu? Somente pensa assim quem jamais amou como eu. Certamente, se te parece tolice, é porque recíproca não existiu. Se te parece sem nexo, é porque jamais mereceu tudo isso que estou passando. Mas se te aprouve, é porque ainda restou um pouco de mim no seu 'eu'. E se algo restou, peço ao meu 'eu' em você que te alegre, te faça feliz, te encha de excitação quando esta carta ler.

Palavras bonitas; todas, a ti, já as falei. Sua beleza; a todo momento alguém a enaltece. Seu olhar; sabe que no mais profundo dele mergulhei e o quanto a ele me apeguei. Seus mistérios; descobri alguns e sempre me excitava a procura de outros. Seu coração; lá dentro morei, se ainda moro, não sei.

Talvez eu lhe envie essa carta. Talvez eu guarde por não achar que você precise ler isso. Talvez não te interesse. Talvez eu esteja sendo covarde; talvez prudente. Talvez eu queira mandar; talvez rasgar. Já queimei tanta carta sua, talvez te forneça essa como combustível para sua fogueira de coisas minhas. Talvez você já saiba o que quero dizer. Talvez você nem queira saber. Talvez o pombo que for a levar nem chegue.

Melhor guardá-la, junto com você, nas minhas memórias e protegida, no meu coração.

1 Comente:

At quinta-feira, janeiro 28, 2010 3:34:00 PM, Anonymous NêniaBlue disse...

"Guardo pra te dar as cartas que eu não mando, conto por contar e deixo em algum canto..."
Eu já havia te lido nesse ultimo post e não sabia o que comenar. Escrevo várias cartas sem endereço certo, sem destinatário... é como se eu escrevesse pros meus fantasmas, mas não envio por medo que voltem a me assombrar.
Gosto da forma que escreve, acho doce, coisa que eu não consigo fazer, leve e suave!

Beijos

 

Postar um comentário

<< Home