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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Beija-flores Vagabundos

Ouvindo a música de Vital Farias, interpretada por Fábio Júnior em sua gravação audiografada, fiquei pensando na poesia dessa letra, e como ela é interessante.

"Não se admire se um dia
Um beija flor invadir
A porta da sua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê

Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Lhe mando um monte de beijos
Ai que saudade sem fim

E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Ocê caia no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê."

Passei então a observar os beija-flores, esses animais tão simpáticos e tão pouco romântico, que ficam de flor em flor, na sua indecisa vida de beijos, como um garoto dessa nossa contemporânea época, utilizando de sua liberdade para não criar vínculos a nenhuma flor. O mais engraçado é que, tanto o beija-flor quanto o garoto moderno, tendem em algum momento a ficar perto de alguma fonte de beijos fixa, seja ela uma flor, seja ela uma bela mulher.

Mas, assim como o beija-flor, os garotos se enganam facilmente. Pois, quando menos esperam, estão tão envolvidos que não podem mais, por motivos de encantamento, se libertar para outras flores. Até tentam, em vão, porém, aquela magia os aprisiona de tal forma que, espera-se que a flor esteja sempre naquele jardim, a sua espera, para colher o seu beijo, assim como ele beija o seu mel.

"Assim que o beija flor
Beijou a rosa
A rosa desabrochou
E sorriu para o beija flor
Beija flor bestificado declarou o seu amor....
seu amor, seu amor, seu amor
A Rosa chorou, por que não tinha asas como um beija flor
O Beija flor, à abraçou
E disse não chores minha flor,
Porquê Porquê.... não precisa ter asas pra se apaixonar
Agora que eu te encontrei é do seu lado que vou ficar
Oh beija flor, só me resta morrer porquê eu te amo e eu não
Posso ficar sem você
Oh minha rosa, tente entender também te amo por isso
Não vou deixar você
Oh beija flor, não se prenda a mim pois tens o mundo inteiro
Para voar e descobrir.. descobrir!
Oh minha rosa você não entendeu, eu naum vou partir
Porquê meu coração é seu
Eu Não vou voar não há nada a descobrir
eu encontrei o amor
Quero morrer, junto a ti junto a ti junto a ti
Não precisa ter asas pra se apaixonar"

E assim, bestificados pelo sentimento mais puro que existe, 'beija' e flor, flor e 'beija' vivem um para esperar o outro. Contam os segundos para se dedicarem um ao outro. Claro que as vezes o gosto dela está meio amargo, ou ele a beija com o pensamento distante. E se desentendem. Mas logo juntos estão novamente e não há nada que os separe.

Engano tolo, eis que um dia o nobre pássaro, ao chegar ao jardim, não encontra mais a "sua" flor. O que será que teria acontecido? Na mente dele, ela nunca sairia dali, seria impossível (na verdade era improvável). As vezes, o improvável acontece, e sempre, pela lei de nosso grande e nobre vagabundo Murph, quando o beija-flor bate suas asas mais intensamente de felicidade e sorri incontrolavelmente. A flor não está mais ali, naquele jardim.

Ele então passa a procurá-la como se a vida dele dependesse disso, como se fosse sua água, seu ar, seu alimento (e não é?). Voa desatinado, desesperado, desconcentrado. Voa. Até que ele a encontra num vaso, linda como se nada tivesse acontecido. Ela não é mais dele, pois ele encontra outro beija-flor a beijando. Que sofrimento! Que dor! Se existe alguma dor psicológica maior que a dor da traição, não me digam e nem me mostrem. Prefiro a ignorância.

Em seu ninho, a dor toma conta de todo o corpo; suas asas, seus pés, sua cabeça e principalmente seu coração doem como tivesse sido violentados numa surra "de criar bicho". Apesar de tudo e todos (que protestam), ele volta até onde estava a flor. Eles se beijam e novamente ele vive intensamente cada momento. Na volta para casa, porém, ele sabe que algo vai acontecer e que eles jamais vão se ver.

Ele é um pássaro; ela é uma flor. Não há natureza que exista que permita a realização desse sonho. Ela até tenta bater suas pétalas; ele até se perfuma; em vão. Ela não está mais no vaso, ou no jardim. Ele, fraco como um beija-flor, por medo (não se sabe de que, apenas não se assume), nem retorna e nem procura saber o que aconteceu com ela. Apenas rega, esporadicamente, os botões que ela deixou no jardim, mesmo eles não sendo obviamente filhotes dele. Esses botões são uma grande e boa lembrança de bons momentos, são um amor de que não se espera nada em troca, apenas o sentimento existe. Diferente do sentimento pela flor, que exigia retorno do mesmo.

E mesmo embora existam tantas flores, mesmo ele negue sempre, ele sempre pensará e se lembrará daquela flor. Até se envolve, se apaixona, mas sonhar... ah, sonhos de um beija-flor.

1 Comente:

At quarta-feira, março 05, 2008 10:49:00 AM, Blogger Carla disse...

leio o que de belo ficou para trás, uma vez que nada de novo surge
boa semana

 

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