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sexta-feira, março 07, 2008

Visões e sentimentos (parte II)

O vazio estava aos poucos se desfazendo; não que estivesse sendo preenchido, mas havia a sensação que deixaria de existir. No ar havia novas possibilidades, uma esperança surgia, parecia o início de um novo tempo. E foi.

O cheiro que tomava conta dos meus pulmões era doce, sem ser enjoativo. Era suave, sem ser fraco. Era abrasador, sem ser sufocante. Era o cheiro de uma nova paixão. E eu nem imaginava isso. A única vontade que realmente me conduzia era de estar perto de sua fonte, sem nenhuma segunda intenção, apesar de sentí-lo ser uma. Comecei a me apegar realmente, sem pensar em nada, apenas levado a tomar atitudes pelo simples fim de continuar vivenciando aquele cheiro. Eu vivenciei aquele aroma.

Então, eis que surge o dourado. Que cor magnífica! Realmente eu passei a entender porque o homem, já em sua pré-história dava tanto valor a pedras daquela cor. E possuía movimento; desarmonia harmônica que uma simples brisa causava passou a me fascinar. E a sensação de não compreender porque algo que sempre esteve tão próximo de mim e que nunca havia sequer despertado minha atenção, passou a me confundir os pensamentos. Era dourado como a coroa de uma rainha.

Ousei! Resolvi tocá-lo, e aos poucos fui emaranhando meus dedos suavemente nesse dourado e aromatizado ser. Que sensação maravilhosa! De olhos fechados, passei a sentí-lo entre meus dedos, o que só aumentava o aroma, e me embriagava ao ponto de eu já nem perceber as diversas vozes que estavam ao meu redor. Estava totalmente concentrado naquele afago. Era como se eu me afagasse, pois eu sentia o retorno involuntário do carinho que eu transmitia. Não queria que terminasse nunca.

Abri os olhos e comecei a perceber que o dourado se misturava com o negro, e que meus dedos causavam um movimento tão descompassado, criando uma confusão união de cores. Era como se o liquidificador batesse em câmera lenta um líquido colorido, como um rei africano banhado em ouro em pó. Eram fios. Cada um com uma vida própria, cada um com uma cor própria, mas sem variar entre o ouro e negro. Não era tão negro, era castanho escuro.

O aroma se foi, aquele ser que possuía tão sedoso cabelo não pode ser mais tocado. E eu, consegui a tempo desapegar de tudo isso; a tempo de não me apaixonar. Talvez se eu tivesse ousado mais, talvez se eu tivesse sido mais corajoso. Talvez se eu não tivesse tocado, ainda seria dourado. E distante.

1 Comente:

At quinta-feira, março 13, 2008 1:02:00 PM, Blogger Carla disse...

quando o medo nos impede de viver ficamos sempre sem saber o que poderia acontecer...mas esse aroma e a suavidade do toque, esses já ninguém poee apagar
bj

 

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