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terça-feira, junho 13, 2006

Vida Vagabunda

Hoje, caminhando pela rua, como todo bom e velho vagabundo, ora sentava, ora andava. Sem muito o que fazer, observando um bando de fanáticos por futebol assistindo jogos de países que provavelmente eles nem sabe onde se localizam no globo terrestre, rindo e se divertindo com imagens de pessoas que provavelmente estavam se matando por uma profissão no mínimo esdrúxula de jogador de futebol. Não, não estou desmerecendo essa profissão, mas que é curioso jogar futebol como trabalho, é. Bom, talvez por isso eu seja um vagabundo, e não entenda de trabalho, apesar da minha vagabundice ter a ver com meu "eu" intelectual, e não com uma enorme falta do que fazer.

Em fim, estamos em ano de copa. A diversão está garantida para nós, os macacos, como dizia o texto abaixo. Estaremos cada vez mais virados com jogos dos quais seremos somente espectadores, e como se pudéssemos influenciar os resultados de alguma forma, não perderemos nem um jogo. Ai ai, como é bom ser um ser bitolado, não é verdade? Não! Não é. Ainda na rua, observando a paisagem infanto-grotesca de jovens velhos amantes de cerveja e de marmanjos correndo atrás de uma bola, me deparei com uma cena que me deixou estarrecido.

Tenho um pedido as mulheres: antes de criticarem essa postagem em meu sítio, observem bem o que vos relato. A cena foi a seguinte... estava eu observando as peraltices de meus observados quando, sem pedir permissão alguma, um par de seios cruzou a minha frente. Sim, pasmem, um par de seios.

Muitos podem pensar que sou um pervertido, um tarado, mas não, meus caros e anônimos 253 leitores. A beleza daquele momento e a espontaniedade da forma que ocorreu não me permitiram sequer lembrar dos instintos animalescos de macaco, cachorro, homem vira-lata que sou. Eram dois seios.

Fazendo uma análise matemática, não eram volumosos o suficiente para chamar a atenção dos vidrados espectadores do futebol. Fazendo uma análise física, eram dois corpos em movimento, tomando como referencial meus pequenos e confusos olhos. Fazendo uma análise biológica, eram seres vivos num ecossistema perfeito localizado no colo de uma mulher. Alias, que me perdoe essa mulher, pois ela não participou do ato dessa peça Freudiana, psicologicamente falando.

O fato é que eles tinham vida própria, vontade própria. Eram dois muleques saltitantes, alegres, como se quisessem brincar ao ar livre, apesar de duras amarras que os prendiam em panos semi-transparentes que, ao mesmo tempo que os escondiam de mim, me mostravam a eles. Sim, os dois pareciam saber que eu os observava, o que me deixava ainda mais atônito e sem reação. Que incrível a vida que eles tinham, apesar de sua hospedeira nem imaginar que eles a qualquer momento poderiam decidir as ações que eles mesmos deveriam realizar. Algo que chegou a me assustar.

Continuei caminhando, pensando, e lembrando dessa cena de um longa metragem de apenas 5 segundos. Eu imaginava como poderia ter presenciado tal cena, que eu ao menos tinha imaginado, seja em pensamentos eróticos, seja em pensamentos românticos, seja em pensamentos vagabundos. Fiquei pasmo.

Eu estava triste nesse dia. Pensava em um amor perdido que eu não tinha perdido, em um sonho desfeito que não tinha acabado, em uma vida planejada que foi cancelada, em uma mutidão de pessoas juntas que se sentem sozinhas, em uma folha da árvore que a ajuda a respirar e que simplesmente seca e cai. Mas após aquela cena, eu fiquei mais tranquilo. Sim, isso me deixou um tanto menos pensativo, e não foi pensamento do tipo: "existem outras mulheres no mundo" que me fez me sentir bem e sim o pensamento de que a vida está presente em situações onde nós menos esperamos. Só que o mundo, a sociedade, os problemas, as paixões nos cegam de tal forma que perdemos um pouco da capacidade de percepção das pequenas ações que o mundo realiza, e que podem desencadear profundas transformações nas nossas formas de pensar e agir, bem como na reação em cadeia que sempre existe após uma transformação. Que loucura é isso.

Observe a vida a sua volta, mas não fique procurando nada. Por experiência própria de observador, quando mais você procura, quando mais você tem vontade de observar algo, menos você consegue perceber. Verdade! Você deve apenas se atentar a coisas que considera bobas, sem sentido, ou que não passariam de meros acontecimentos normais do dia a dia. Ou não, não perca seu tempo com profanações de sua mente ocupada. Seja você, e viva sua vida. E pense, se as pequenas coisas geralmente são as mais perfeitas, e se Deus (mesmo que você não acredite nEle) é considerado o ideal de perfeição, então Deus está nas pequenas coisas.

Um forte abraço!
Até a próxima!